A Igualdade da Ausência-de-Sexos — Gilbert Keith Chesterton

A Igualdade da Ausência-de-Sexos é crítica atemporal à militância da igualdade.


– GK’s Weekly, 26 de julho de 1930

Em relação a quase todas as opiniões modernas sobre as mulheres, é curioso observar quantas mentiras devem ser presumidas antes que se possa chegar à conclusão de um julgamento. Uma jovem voa da Inglaterra para a Austrália; outra vence uma corrida aérea; uma duquesa estabelece um recorde de velocidade para chegar à Índia; outras ganham troféus de automobilismo; e agora o prêmio do rei relativo à pontaria foi para uma mulher. Tudo isso é muito interessante e possivelmente louvável enquanto meio de passar o tempo de lazer; e se fosse deixado a isso, mesmo que não se acrescentasse mais do que o fato perfeitamente claro de que tais façanhas não poderiam ter sido alcançadas por suas mães e avós, ficaríamos contentes em oferecer nossos chapéus às senhoras com toda cortesia e respeito que a coragem, a resistência e a habilidade sempre exigiram com razão.

Porém, não fica por aí; e muito mais é acrescentado. Sugere-se, por exemplo, que as tarefas estavam além das mães e avós, nem pela razão muito óbvia de que elas não tinham automóveis e aviões para entreter suas horas de lazer, mas porque as mulheres eram então escravizadas em virtude da convenção de inferioridade natural em relação ao homem. Aqueles dias, nos dizem, “em que as mulheres eram mantidas incapazes de conquistas sociais positivas, foram-se para sempre”. Não parece ter ocorrido a essa crítica pessoa que o próprio fato de ser mãe ou avó indica uma certa realização social positiva; realização essa que, de fato, provavelmente deixou pouco tempo livre para viajar animadamente pelos hemisférios. A mesma crítica prossegue afirmando, com toda a ênfase solene de um pensamento profundo, que “o importante não é que as mulheres sejam iguais aos homens — isso é uma falácia — mas que elas sejam tão valiosas para a sociedade quanto os homens. Igualdade de cidadania significa que há duas vezes mais cabeças para resolver os problemas no presente do que havia no passado. E duas cabeças são melhores do que uma”. E a terrível prova do colapso moderno de tudo o que já foi significado por homem, mulher e conselho de família é que esse tipo de imbecilidade possa ser levado a sério.

O jornal London Times, em um artigo destacado, aponta que as primeiras emancipadoras de mulheres (quem quer que fossem) não faziam idéia do que estava reservado para as gerações futuras. “Poderiam ter previsto isso, poderiam ter desarmado muita oposição apontando as possibilidades, não só de liberdade, mas também de igualdade e fraternidade”.

E nós perguntamos: o que tudo isso significa? O que, em nome de tudo o que é gracioso e digno, significa a fraternidade com as mulheres? Que disparate, ou coisa pior, significa a liberdade e a igualdade entre os sexos?

Queremos dizer algo bem definido quando falamos do fato de um homem ser um pouco livre junto às mulheres. O que definitivamente se entende por liberdade quando a liberdade das mulheres é proposta? Se significa apenas o direito de ter opiniões livres, o direito de votar independentemente de pais e maridos, que possível conexão tem com a liberdade de voar para a Austrália ou de marcar pontos em Bisley? Se isso significa, como tememos, liberdade de responsabilidade de administrar um lar e uma família, um direito igual ao dos homens nos negócios e carreiras sociais, às custas do lar e da família, então tal progresso só podemos chamar de deterioração progressiva.

E também para os homens existe, segundo uma famosa autora, uma esperança de liberdade. Os homens estão começando a se revoltar, dizem-nos, contra o velho costume tribal de desejar a paternidade. O macho está libertando-se dos grilhões de ser um criador e um homem. Quando todos estiverem sem sexo, haverá igualdade. Não haverá mulheres e não haverá homens. Haverá apenas uma fraternidade, livre e igualitária. O único pensamento consolador é que ela perdurará por apenas uma geração.


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Leia mais artigos do G. K. Chesterton aqui.

Recomendação de leitura: O que há de errado com o mundo – G. K. Chesterton.

Sobre o Autor ou Tradutor

Bernardo Santos

Aluno do Olavão, bacharel em matemática, amante da Filosofia, tradutor e músico nas horas vagas, Bernardo Santos é administrador principal do Diário Intelectual.

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