Olavo de Carvalho e a Fenomenologia da Personalidade: Um Esboço Sobre As 12 Camadas — Bernardo Santos

camadas da personalidade

“Olavo de Carvalho e a Fenomenologia da Personalidade: Um Esboço Sobre As 12 Camadas” foi escrito por Bernardo Santos.

“No fluxo inescapável, há algo que permanece; 
na permanência avassaladora, 
há um elemento que escapa ao fluxo.” 

Alfred North Whitehead

As Camadas da Personalidade constituem uma ferramenta para a análise do fenômeno do desenvolvimento da personalidade humana. Esse instrumento de análise descritiva foi desenvolvido pelo filósofo e professor Olavo de Carvalho e apresentado ao longo de seus cursos e aulas, tendo sido exposto com algum refinamento ao longo de seus últimos anos.

É necessário, antes de mais, dar algumas breves advertências.

Importante instrumento para o auto-conhecimento e uma mais acurada análise político-cultural, o conhecimento das 12 Camadas da Personalidade só torna-se efetivo quando obtemos um repertório imaginativo adequado. Em mãos de pessoas de imaginário fragmentário — geralmente aquelas que se prenderam em uma ‘bolha-lógica’ hermeticamente fechada, tal como bem fazem os loucos e os histéricos —, há sempre o risco de que ele torne-se numa mera ferramenta de confusão ou, pior, de auto-engano.

Todavia, quando bem aplicado, esse conhecimento é ainda um meio que nos ajuda a exercitar nossa imaginação.

A Camada, como nos diz o professor Olavo de Carvalho, é o limite do horizonte de consciência do sujeito em uma certa etapa de sua vida. Ora, sendo nosso horizonte de consciência aquilo que define o alcance de nosso entendimento da realidade do mundo em torno, estudar as Camadas é um dos modos pelos quais se pode desenvolver a própria personalidade — por meio da análise de personalidades, através do estudo de biografias, da literatura em geral, e até de filmes e séries (pelo ‘discurso imaginativo’, portanto); ou por meio da vivência, em resposta às exigências da vida — e, assim, é possível ampliar esse horizonte trabalhando para desenvolver-se pessoalmente (subir de Camada) e poder enxergar as motivações de outros, desde que esse estudo seja unificado àquilo que nosso filósofo brasileiro chama de ‘método de confissão’, método este que se exemplifica modelarmente na obra Confissões, de Santo Agostinho (assunto ao qual eu talvez retorne em outro trabalho).

Que não tente, então, o leitor — tal como se costuma fazer, graças à vulgarização desse método, impropriamente chamado de “teoria” —, logo após conhecer essas Camadas, descobrir de imediato em qual delas se encontra. Tal expediente quase certamente o levará ao erro, a menos que o leitor seja um verdadeiro gênio no sentido mais forte desta palavra ou já esteja em uma das Camadas superiores, caso que no Brasil é bastante raro. Ao contrário, se faz necessário muita dedicação e um bom critério, pois as coisas nem sempre são tão simples como aparentam. Sugiro, portanto, que busque analisar várias outras histórias antes, para que o método comece a ficar mais claro em sua mente; e, após muito estudo, que o leitor passe a meditar sobre sua própria vida, desde o início, e tente identificar em quais momentos da vida esteve em quais Camadas — essa é uma grande ferramenta para essa meditação. 

Apresentar um pequeno esboço desse instrumento para a análise fenomenológica da personalidade é exatamente o intuito deste trabalho, bem como clarear ao máximo, considerando nossas próprias limitações, esse tema.

Segundo Olavo, as 12 Camadas representam exigências que se dão ao longo de nossa existência: a vida cobra coisas de nós a todo tempo. Essas Camadas estão presentes na vida — enquanto exigências — todas de uma só vez, desde o momento em que nascemos, exigindo que prestemos a devida atenção à todas elas: ao mesmo tempo que a vida nos exige que tomemos o controle de nosso corpo, nos exige também que nos relacionemos com o nosso próximo, com a sociedade que está mais além, com a História humana, com Deus. Tudo isto, como já afirmei, se dá ao mesmo tempo: porém, é o foco que damos à cada exigência, naquele período de nossas vidas, que define em qual Camada estamos, ou seja, a exigência da vida que estamos mortalmente focados em atender é o que nos diz qual Camada estamos a desenvolver — e é esse foco que segue numa ordem temporal. Devo salientar este ponto ainda mais: estar em uma Camada é estar enfrentando uma determinada exigência da vida, com todo nosso ser; é estar enfrentando uma etapa da vida. É por isso que o filósofo afirma: “onde dói”, o que te faz sofrer profundamente, te dirá em qual Camada, em qual etapa, você está. 

Uma vez que a vida é dinâmica, e nunca estática, ocorre de surgirem problemas relativos às Camadas superiores ou inferiores a todo tempo. Esse fluir é o aspecto natural e real de nossas vidas. Como bem diz Alfred North Whitehead, inspirado por Heráclito: “A realidade é o processo”. Essa é uma das razões pelas quais o erro é bastante comum quando tentamos identificar as Camadas. Que o leitor tenha sempre em mente que não é o problema do momento — seja esse momento um dia, dois, uma semana, ou um mês —, que define a Camada na qual o sujeito se encontra, mas sim a motivação existencial mais profunda que o move naquele período abrangente de sua vida. 

Esse fluxo vital dificulta muito tal estudo: apenas o dedicado treinamento tornará a percepção aguçada. Ora, uma vez que é nosso interesse mais íntimo e profundo, que por vezes diverge do declarado, que define qual a Camada em que estamos, é patente que outra causa de erros nessa investigação é a ausência de uma sinceridade extrema — também de uma poderosa imaginação, e de empatia na análise do caso de outros. 

Outra dificuldade, ademais, é o fato d’As Camadas continuarem em desenvolvimento, mesmo após “superadas”; ora, “superar” uma Camada não é um bom termo, e é necessário certa temperança aqui — principalmente para aqueles sem o devido “tato literário”. A confusão neste ponto é comum, visto que há dois modos de exposição das Camadas: o da psicologia evolutiva (em qual Camadas estamos?) e o das exigências vitais (que a vida me exige neste momento?). É preciso articular ambos. Cada passagem marca apenas uma mudança de foco, que não é uma evolução/superação em sentido estrito, mas apenas analógico. 

Ao atingir um certo ponto de desenvolvimento, uma Camada nos qualifica para seguir adiante, nos dando a possibilidade de mudar de foco para a Camada seguinte, para responder à outra exigência, mas a habilidade adquirida graças àquele foco anterior sempre poderá ser melhor trabalhada em nós no futuro. Por exemplo: como se verá adiante, nossa habilidade comunicativa se desenvolve na Camada 3, quando nosso foco existencial recai sobre essa necessidade, porém tal habilidade pode continuar a ser desenvolvida e aprimorada até o fim de nossas vidas, embora essa não seja mais a prioridade maior de nosso ser. Portanto, além do normal desenvolvimento horizontal das Camadas, há gradatividade também verticalmente em cada uma delas. 

Quando mudamos nosso foco de uma Camada para a próxima, a anterior continua a agir sobre nós, pois é integrada nas Camadas superiores (a vida continuará sempre a exigi-la) e ela apenas perde sua importância relativa, passando a ser secundária naquele momento objetivo de nossas vidas  — mas isso não significa que ela perde sua importância no conjunto total no qual foi “dissolvida e integrada”. Daí os curtos momentos em que podemos voltar a sofrer como se estivéssemos novamente nas que já passamos. Alguém que se situa em uma Camada mais alta sempre poderá ter breves recaídas em problemas que são relativos às inferiores, até mesmo na Camada 1 (como ocorre quando se sofre acidentes e algumas doenças), mas o sofrimento gerado em tais casos normalmente não é tão intenso e duradouro e, em geral, o foco verdadeiro não muda: é apenas brevemente lançado para um segundo plano. 

Além de tudo isso, é importante salientar: não é possível saltar as Camadas. Cada uma exige que haja um desenvolvimento horizontal adequado daquela que lhe é anterior. É impossível chegar, por exemplo, na Camada 9, sem ter desenvolvido por completo horizontalmente, passo a passo, todas as anteriores. 

Devo dizer também que, uma vez que cada uma apresenta seu próprio tipo específico de motivação e sofrimento, cada Camada corresponde a uma escola de psicologia, fato este que concilia todas as oposições históricas entre as diversas escolas e reorganiza toda essa matéria num quadro bastante nítido — mas este tema não será aqui tratado.

Por fim, é comum surgir a pergunta: “Como mudar de Camada?”. A resposta é simples e bastante direta: colocando para si os desafios que são pertinentes à Camada acima da qual o sujeito está, e enfrentando-os com coragem e determinação. Ora, como nos diz Aristóteles, é o hábito que gera as virtudes

As 12  Camadas da Personalidade

“A Camada é o limite do seu horizonte de consciência numa certa etapa.” 

Olavo de Carvalho

Para saber em qual Camada um sujeito se encontra, o que importa é identificar aquilo que, para o sujeito, naquele período de sua vida, é o “centro motivador” que o move, em que ele está focado vitalmente: tudo que ele faz, o faz em função e ao redor disso. Se o problema relativo de uma Camada absorve o sujeito por completo naquele período, é nela que ele está. 

Camada 01 — Tomar posse de meu corpo;

Ao nascermos já estamos nesta Camada. Juntamente e subjacente a ela se dá o caráter, a forma pura (ausente de elementos) da personalidade, em torno da qual as Camadas se desenvolverão1. Uma vez que ainda não tem acesso aos objetos, a motivação do bebê aqui é descobrir como funcionam os seus poderes em relação ao corpo que lhe foi dado.  

Camada 02 — Medir meu poder em relação aos objetos ao meu redor;

Após adquirida certa destreza, o bebê passa a analisar seus poderes em relação aos objetos que o cercam. É quando ele passa a experimentar os limites de seu alcance, a tentar descobrir o que há, por exemplo, naquele buraco de tomada que ele vê na parede, a pegar ou jogar objetos no chão, etc. 

Camada 03 — Meu poder de comunicação com os outros;

Esta é a Camada na qual a criança passa a tentar se comunicar com os outros. É nesta Camada que ela busca descobrir o alcance de seu poder de ação/paixão2 sobre aqueles que a cercam. 

Perguntas frequentes nesta Camada: “Como faço para comunicar que eu quero/não-quero isto?”, “Seu eu agir assim, conseguirei que ele/ela me dê isto?” 

Camada 04 — Meu poder de atividade/passividade emocional (minha história afetiva — Identidade/motivação emocional);

Nesta Camada o sujeito busca expressar seus sentimentos, ser aceito e gostado pelos outros. Todas as preocupações dele são emocionais. Ele busca conquistar coisas que tenham valor emocional para si. Em geral, ela se dá por volta da pré ou da adolescência. Contudo, principalmente no Brasil, ocorre de muitas pessoas jamais se elevarem acima dela. É aqui que o sujeito busca se enturmar, agradar algum grupo de amigos. Todas as suas motivações são sentimentais. 

Perguntas frequentes nesta Camada: “Fulano gosta de mim? Eu/ele gosto/a de tal pessoa? Se eu fizer isso, meus amigos — ou o grupo de que faço parte — irão aprovar?” 

Camada 05 — Meu próprio poder de ação (assumir desafios e vencê-los);

Essa é a Camada na qual o sujeito deixa de preocupar-se com o que os outros sentem por ele e passa a desejar descobrir os limites de seu poder de ação, provar a si mesmo. Ele já não se importa mais se agrada/desagrada outras pessoas. Ele se propõe desafios e metas a superar. É uma Camada própria dos esportistas, mas que não se limita aos esportes. Se propor o desafio de conquistar uma habilidade — como dominar um instrumento musical, aprender como esculpir, pintura, vencer uma briga (corporal ou política), etc. — é próprio desta Camada.

Perguntas frequentes nesta Camada: “Qual é a minha força, independentemente da ajuda dos meus amigos?”, “Consigo conquistar isto por minha conta?”, “Consigo executar isso?”.

Camada 06 — Exercer meus poderes e habilidades adquiridos de maneira objetiva para conseguir algo (dinheiro, fama, namoradas, etc.);

Adquirida uma habilidade a um certo nível, e sabendo que é agora capaz de executá-la bem o suficiente, o sujeito passa a buscar utilizá-la. Mas, desta vez, não mais com o fim nela mesma, não mais para saber se é capaz de executá-la, mas para obter alguma outra coisa para si: que pode ser dinheiro, relacionamentos, etc. 

Esta é a Camada na qual o sujeito demonstra sua pura eficiência sabendo que é eficiente. 

Camada 07 — Exercer meu papel Social (Cidadania — o foco é o outro, servir ao próximo);

O sujeito que enfrenta essa Camada é aquele que sabe que sabe fazer algo e responde moralmente por isso. É a camada do desenvolvimento de sua função perante a sociedade, da sua vida civil. Ele busca ser útil aos outros, mesmo sem os conhecer e sem esperar nada em troca. Aqui, o sujeito passa a preocupar-se em conhecer as leis — as ditas ou não-ditas — e a saber muito bem quais suas obrigações como cidadão dentro da sociedade. 

Camada 08 — A Crise da Maturidade;

Esta é a Camada da consciência da morte, da revisão da vida, do sentido do que fizemos/fazemos, de nosso valor.  Nela, o sujeito avalia sua auto-consciência moral como um todo, o trajeto de sua vida. É a Camada da Crise que ocorre por um seu auto-julgamento moral. Ao vencê-la, o “eu” para de ser o problema central, e o sujeito passa a ter uma visão mais aberta ante à realidade do mundo que o cerca. Ele se torna o Spoudaios, o homem maduro. 

“Um homem maduro é aquele em cuja alma todos os sentimentos e emoções — ternura, ódio, esperança, pressa, indiferença, todos eles — são balizados pela consciência da morte. 

Diário Filosófico – Vol. 2, pág 167 – 10/03/2016

Obs: apenas após vencer esta Camada e superar a Crise é que o Necrológio (o “exercício máximo do auto-conhecimento” apresentado no COF) do sujeito será definitivo, e não mais um mero esboço — será um guia definitivo de sua existência. 

Camada 09 — Minha Personalidade Intelectual;

Neste ponto o sujeito sabe exatamente quem é e o que quer realizar com sua vida. Assim, é apenas nesta Camada que seu próprio eu deixa de ser sua preocupação central, o objeto de suas investigações — ele agora sabe quem é. Suas idéias (e é somente aqui que ele é capaz de realmente tê-las) e o sucesso de sua aplicação passam a ser o centro de toda sua vida. Esta Camada só pode ser atingida pelo Spoudaios3.

Camada 10 — O Eu desde o ponto de vista (a perspectiva) do Governante;

Esta é a Camada na qual o sujeito passa a ver o mundo desde o ponto de vista daqueles que governam. Aqui, o sujeito passa a ter a capacidade de responder pelo poder político, mesmo que não o tenha. Ele sabe exatamente como as coisas são neste posto, mesmo sem ter o cargo. Esta é a Camada própria dos grandes políticos e líderes da humanidade. 

Camada 11 — O Eu Perante a História;

Nesta Camada o sujeito passa a ver quais os efeitos de sua ação na história da humanidade. Ele consegue se imaginar no “grande teatro humano” e saber qual é seu real papel nele. Tornar-se um ser histórico, com ações que se refletem na história humana, é agora sua preocupação central.  

Pergunta frequente: “Quem sou eu para a humanidade?”, “Quem serei eu para as gerações vindouras?”, “Qual o resultado de meus atos para a humanidade?”. 

Camada 12 — O Eu Perante o Infinito. 

Esta é a Camada comum aos santos. Nela, a motivação existencial do sujeito se torna, não de modo passageiro como ocorre com as pessoas religiosas mais comuns, mas a todo o tempo, agradar a Deus. ‘Agradar a Deus’ se torna o centro motivador de toda a vida do sujeito, e é em torno dessa motivação que ele sempre age.

Pergunta frequente: “Que Deus espera de mim nesta vida?”, “Que Deus quer que eu faça agora?”. 

Algumas fontes para estudo das Camadas: 

Recomendações 

O filme “Bonifácio: o fundador do Brasil” foi produzido com base nas 12 Camadas. Recomendo que o assista e tente identificar cada passagem de Camada da personagem. 

O documentário “Arnold” (disponível na Netflix), que conta a história do fisiculturista, ator e político, Arnold Schwarzenegger, respectivamente em três episódios, é exemplo do desenvolvimento de uma personalidade que atingiu a Camada da Crise. É possível ver que algumas de suas Camadas anteriores, como a Quarta, permanecem pouco desenvolvidas verticalmente, embora superadas horizontalmente.

Leia diversas biografias de homens ilustres, como Goethe, Napoleão, Ronald Reagan, São Francisco de Assis, etc., e tente identificar suas motivações em cada período de suas vidas. 

Somente após ter feito várias análises, tente reconstruir sua vida imaginativamente, sem pressa, buscando suas memórias mais antigas, e ir traçando sua auto-biografia, identificando suas motivações mais profundas ao longo dos anos.

Notas:

  1. Segundo Olavo, se há uma correspondência entre a posição dos astros e a personalidade humana no momento do nascimento, é apenas nessa forma pura que ela pode influir. Tal investigação científico-astrológica (talvez fosse melhor dizer anti-astrológica) é o que foi sugerido em alguns de seus cursos sobre astrologia, transcritos e reunidos na apostila O Caráter como Forma Pura da Personalidade. Esse é o documento mais antigo que encontrei acerca das Camadas. E nele é-nos apresentado apenas um primeiro esboço, que foi um tanto alterado no decorrer dos anos. ↩︎
  2. “Paixão” no sentido de Aristóteles: “sofrer ação”. ↩︎
  3. “[…] Spoudaios, um homem verdadeiramente adulto, humanamente desenvolvido até o extremo limite dos seus poderes cognitivos, capaz de perceber a realidade e tomar decisões desde o centro e o topo da sua consciência, e não desde as paixões de um momento, desde um oportunismo profissional, desde o temor do julgamento dos pares ou desde algum preconceito da moda.” Olavo de Carvalho (A Filosofia e Seu Inverso) ↩︎

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Sobre o Autor ou Tradutor

Bernardo Santos

Aluno do Olavão, bacharel em matemática, amante da Filosofia, tradutor e músico nas horas vagas, Bernardo Santos é administrador principal do Diário Intelectual.

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