A data desta carta de Leibniz sobre o amor de Deus é incerta, bem como a quem ela foi destinada. Acredita-se que foi escrita após o ano de 1701.
“O conceito de amor é mais bem compreendido a partir do alemão. Os alemães expressam o amar como gern sehen e o odiar como nicht gern sehen. Assim sendo, amar algo é ter prazer em contemplá-lo, e quanto mais profundo for o conhecimento que se tem dele, maior será o prazer. É sempre útil refletir sobre isso e aplicá-lo ao amor de Deus. Portanto, é necessário que aquele que afirma amar a Deus acima de todas as coisas conheça Sua beleza antes das outras coisas. Para conhecer a beleza de uma jovem mulher, por exemplo, não é suficiente contemplar seus contornos, nem é necessário contemplar todos os seus membros, até os poros e cabelos; ao contrário, o todo deve ser examinado, por assim dizer, em um único olhar. Do mesmo modo, não é suficiente contemplar parte da obra de Deus, nem é necessário ou mesmo possível examinar todo o Seu trabalho, mas é suficiente formar uma idéia sólida a respeito dEle de modo geral, como sendo indiscutivelmente o ser mais sábio e mais poderoso do universo. O amor a esse Ser consiste nisto: que acreditemos que o que quer que aconteça é bom, que estejamos suficientemente contentes, sem reclamações, sem críticas, sem oposição, e que não descuidemos da oportunidade de promover o bem de todos. Se infringirmos estas leis, devemos tentar com todo o nosso poder realinhar-nos a elas.”