Uma reflexão sobre os estudos clássicos, seu objetivo e suas perspectivas, começará adequadamente a partir da definição de Wolf da filologia clássica como sendo o estudo da natureza do homem tal como ela se manifestou nos gregos1.
Essa concepção soa estranhamente anacrônica hoje em dia, porque foi superada pelos dois processos intimamente relacionados da fragmentação da ciência por meio da especialização e da deculturação da sociedade ocidental. A filologia tornou-se linguística; e o homem que manifestou sua natureza na língua grega tornou-se o objeto das histórias especializadas sobre política, literatura, arte, idéias políticas, economia, mito, religião, filosofia e ciência. Os estudos clássicos foram reduzidos a pequenos redutos em vastas instituições de ensino superior, nas quais o estudo da natureza do homem não ocupa lugar de destaque entre as preocupações do homem.
Essa fragmentação, bem como a redução institucional, no entanto, não são vistas como uma catástrofe, porque o “clima de opinião” mudou nos duzentos anos que se seguiram à definição de Wolf. O interesse público se deslocou da natureza do homem para a natureza da natureza e para as perspectivas de dominação que sua exploração abriu; e a perda de interesse até se transformou em ódio quando a natureza do homem se mostrou resistente às mudanças que foram sonhadas pelos intelectuais que querem incluir o controle da sociedade e da história à dominação da natureza A aliança entre a indiferença e o ódio, ambos inspirados pela libido dominandi, criou um clima que não é favorável a um estudo institucionalizado da natureza do homem, seja em sua manifestação grega ou em qualquer outra. Os protagonistas do processo de deculturação ocidental estão firmemente estabelecidos em nossas universidades.
Ainda assim, o fim do mundo não chegou. Pois os “climas de opinião”, embora durem mais do que qualquer um, à exceção de seus libidinosos aproveitadores, não duram para sempre. A frase foi cunhada por Joseph Glanvill (1638-1680); ela ganhou nova força quando Alfred N. Whitehead a retomou em seu A Ciência e o Mundo Moderno (1925); e, seguindo a iniciativa de Whitehead, as mudanças desse clima moderno desde o século XVII se tornaram o tema dos estudos de Background2, perceptivos e extensos, de Basil Willey, iniciados em 1934. Por meio de Whitehead, bem como por meio de outras iniciativas, sabemos agora qual é o problema; Whitehead o declarou categoricamente: “A filosofia moderna foi arruinada”.
De forma mais explícita, eu diria: A Vida da Razão3, a condição inelutável da ordem pessoal e social, foi destruída. Entretanto, embora essas afirmações sejam verdadeiras, é preciso distinguir entre o clima de opinião e a natureza do homem. O clima de nossas universidades certamente é hostil à Vida da Razão, mas nem todo homem aceita que sua natureza seja deformada pelo “clima” ou, tal como às vezes é chamado, pela “era”. Sempre há jovens com instinto espiritual suficiente para resistir aos esforços dos “educadores” que os pressionam a se “ajustar”. Portanto, o clima não é estático; em meio à constelação de opiniões emocionalmente determinadas do momento. A percepção dessa dinâmica é a base dos estudos de Willey.
De fato, nem as mudanças no clima, da indiferença à hostilidade, nem o concomitante declínio do apoio institucional à Vida da Razão, nem a destruição fanaticamente acelerada das universidades desde a Segunda Guerra Mundial, poderiam impedir que o problema do clima fosse reconhecido, articulado e explorado à luz de nossa consciência da natureza humana. As reflexões nas quais estamos engajados aqui e agora são um fato na situação contemporânea tanto quanto o famoso “clima”. A liberdade de pensamento está ganhando vida novamente, no momento em que o “clima de opinião” não é mais uma realidade social maciça que impõe a participação em suas lutas partidárias, mas é forçado a assumir a posição de uma deformação patológica da existência, a ser explorada pelos critérios da razão.
Esse é o cenário no qual a questão dos estudos clássicos deve ser colocada. Por um lado, há um forte clima de opinião em nossas universidades que se opõe a lhes atribuir qualquer função, porque os estudos clássicos inevitavelmente representam a natureza do homem tal como ela se manifestou nos gregos. Por outro lado, há sintomas inegáveis de que o clima está se desintegrando e a natureza do homem sem deformações está se reafirmando. Se esse movimento em direção a uma restauração da razão ganhar impulso suficiente para afetar o nível institucional, os estudos clássicos se tornarão um fator importante no processo de educação. Refletirei sobre os dois pontos nesta ordem — embora possa surgir alguma desordem, pois não estamos lidando com alternativas que pertencem ao passado, mas com um processo contínuo.
O esforço dos gregos para chegar a uma compreensão de sua humanidade culminou na criação platônico-aristotélica da filosofia como a ciência da natureza do homem. Ainda mais do que com os sofistas de sua época, os resultados estão em conflito com o clima contemporâneo de opinião. Vou enumerar alguns dos principais pontos de discordância:
1. Clássico: Existe uma natureza do homem, uma estrutura definida de existência que impõe limites à perfectibilidade.
Moderno: A natureza do homem pode ser mudada, seja por meio da evolução histórica ou da ação revolucionária, de modo que um reino perfeito de liberdade possa ser estabelecido na história.
2. Clássico: A filosofia é o esforço para avançar da opinião (doxa) sobre a ordem do homem e da sociedade para a ciência (episteme); o filósofo não é um filodoxo.
Moderno: não há ciência possível em tais assuntos, apenas opinião; todos têm direito a suas opiniões; temos uma sociedade pluralista.
3. Clássico: A sociedade é o homem em tamanho grande.
Moderno: o homem é a sociedade escrita em tamanho pequeno.
4. Clássico: O homem existe em tensão erótica em relação à base divina de sua existência.
Moderno: Ele também não, porque eu tampouco, e eu sou a medida do homem.
5. Clássico: O homem é perturbado pela questão do fundamento; por natureza, ele é um questionador (aporein) e um buscador (zetein) do onde, para onde e por que de sua existência; ele levantará a questão: Por que existe algo ao invés do nada?
Moderno: tais perguntas são ociosas (Comte); não as faça, seja um homem socialista (Marx); perguntas para as quais as ciências das coisas imanentes ao mundo não podem dar resposta não têm sentido, são Scheinprobleme (neopositivismo).
6. Clássico: O sentimento de inquietação existencial, o desejo de saber, o sentimento de ser movido a questionar, o questionamento e a busca em si, a direção do questionamento em direção à base que se move para ser buscada, o reconhecimento da base divina como o motor, são o complexo experiencial, o pathos, no qual a realidade da participação divino-humana (metalepis) se torna luminosa. A exploração da realidade metaléptica, da metaxy platônica, bem como a articulação da ação exploratória por meio de símbolos linguísticos, no caso de Platão, de seus mitos, são a preocupação central dos esforços do filósofo.
Moderno: As respostas modernas a essa questão central mudam de acordo com o “clima de opinião”.
Em Locke, a realidade metaléptica e sua análise noética são transformadas na aceitação de certas “opiniões comuns” que ainda mantêm uma relação inteligível com a experiência da qual derivam. A redução da realidade à opinião, no entanto, não é deliberada; Locke já está tão profundamente envolvido no clima de opinião que sua consciência acerca da destruição da filosofia por meio da transição da episteme para a doxa está embotada. Cf. a apresentação de Willey do caso lockeano.
Hegel, ao contrário, tem plena consciência do que está fazendo quando substitui a realidade metaléptica de Platão e Aristóteles por seu estado de alienação como base experiencial para a construção de seu sistema especulativo. Ele torna explícito seu programa de superar a filosofia pela dialética de uma consciência alienada e auto-reflexiva.
No século XX, o “clima de opinião” avançou para as táticas do “tratamento silencioso”. Em um caso como o de Sartre, a realidade metaléptica é simplesmente ignorada. A existência tem o caráter de facticité sem sentido; sua dotação de significado é deixada à livre escolha do homem. A escolha de um significado para a existência recai preferencialmente sobre a opinião de regimes totalitários que se envolvem em assassinatos em massa, como o stalinista; tal preferência tem sido analisada com cuidado especial por Merleau-Ponty.
As táticas do “tratamento silencioso”, especialmente empregadas após a Segunda Guerra Mundial pela “ralé da libertação”, no entanto, tornam difícil decidir, em casos individuais, se a contraposição à realidade metaléptica é deliberada ou se a libido dominandi está se descontrolando em um clima de opinião que é tomado como certo, sem questionamento, como realidade suprema. De modo geral, tenho a impressão de que a consciência de uma contraposição está nitidamente menos viva do que estava ainda na época de Hegel. O analfabetismo filosófico progrediu tanto que o núcleo experiencial do filosofar desapareceu abaixo do horizonte e nem sequer é reconhecido como tal quando aparece em filósofos como Bergson. O processo de deculturação o eclipsou tão completamente pela opinião que às vezes hesitamos em falar até mesmo de uma indiferença em relação a ele.
7. Clássico: A educação é a arte de periagoge, de dar a volta por cima (Platão).
Moderno: a educação é a arte de ajustar as pessoas de forma tão sólida ao clima de opinião predominante na época que elas não sentem o “desejo de saber”. A educação é a arte de impedir que as pessoas adquiram o conhecimento que as capacitaria a articular as questões da existência. A educação é a arte de pressionar os jovens a um estado de alienação que resultará em um desespero silencioso ou em uma militância agressiva.
8. Clássico: O processo no qual a realidade metaléptica se torna consciente e noeticamente articulada é o processo no qual a natureza do homem se torna luminosa para si mesma como a vida da razão. O homem é o zoon noun echon.
Moderno: a razão é uma razão instrumental. Não existe uma racionalidade noética do homem.
9. Clássico: Por meio da vida da razão (bios theoretikos), o homem realiza sua liberdade.
Moderno: Platão e Aristóteles eram fascistas. A vida da razão é um empreendimento fascista.
A enumeração não é nem de longe exaustiva. Todos podem complementá-la com itens interessantes colhidos na literatura de opinião e na mídia de massa, em conversas com colegas e alunos. Ainda assim, isso deixa claro o que Whitehead quis dizer quando afirmou que a filosofia moderna foi arruinada. Ademais, os conflitos foram formulados de tal maneira que o caráter do grotesco ligado à deformação da humanidade por meio do clima de opinião se torna visível. O grotesco, no entanto, não deve ser confundido com o cômico ou o humorístico. A seriedade do assunto será melhor compreendida se visualizarmos os campos de concentração dos regimes totalitários e as câmaras de gás de Auschwitz, nos quais o que há de grotesco na opinião se torna a realidade assassina da ação.
O clima de opinião é desfavorável aos estudos clássicos, e o poder institucional de seus representantes nas universidades, na mídia de massa e nas fundações não deve ser subestimado. No entanto, as rachaduras no establishment tornam-se perceptíveis. Em particular, a revolta estudantil internacional tem sido um abrir de olhos. Até mesmo os menos privilegiados espiritual e intelectualmente, que vivem apenas do pão da opinião, perceberam que algo está errado em nossas instituições de ensino superior, embora não saibam exatamente o quê. Será que talvez sejam os professores e não a guerra no Vietnã? Observei, com grande diversão, o desconforto de vários professores de esquerda em Frankfurt e Berlim quando seus alunos se voltaram contra eles, porque os professores não concordaram quando sua “teoria crítica” (um eufemismo para opiniões irracionais e niilistas) foi traduzida pelos alunos em violência acrítica; E o mesmo espetáculo é proporcionado nos Estados Unidos pelos professores esquerdistas (liberal) que de repente se tornam conservadores, quando uma vida inteira de esforço árduo para arruinar as mentes de uma geração de alunos após a outra finalmente deu frutos e as mentes foram realmente arruinadas.
Um incidente de minha própria prática de ensino esclarecerá o ponto crítico: em meados dos anos 60, dei um curso de política clássica em uma grande universidade. Tudo corria bem, desde que os alunos acreditassem que estavam recebendo as informações habituais sobre as “opiniões” de Platão. Houve um tumulto quando descobriram que a filosofia da política deveria ser levada a sério como uma ciência. A noção de que algumas proposições relativas à ordem do homem e da sociedade deveriam ser aceitas como verdadeiras, enquanto outras deveriam ser rejeitadas como falsas, foi um choque; eles nunca tinham ouvido falar de tal coisa antes. Alguns realmente abandonaram o curso, mas a maioria, tenho o prazer de informar, permaneceu, ficou encantada com Platão e, no final, expressou profusamente sua gratidão por ter finalmente aprendido sobre uma alternativa para as opiniões sem sentido que lhes eram rotineiramente fornecidas. No entanto, não quero me aprofundar nesse aspecto da questão. Será suficiente afirmar que os alunos têm bons motivos para se revoltar; e se os motivos que eles realmente apresentam são ruins, deve-se lembrar que as instituições educacionais os isolaram da vida da razão de forma tão eficaz que eles não conseguem nem mesmo articular as causas de sua legítima inquietação.
Pela violência irracional do ataque, a revolta poderia expor a flacidez e o vazio do clima institucionalizado e de seu pessoal, mas não se deve esperar que a vida da razão surja do confronto de dois vácuos. Mais importante do que os eventos espetaculares é a erosão silenciosa do clima por meio das ciências históricas. A natureza do homem pode ser deformada pelas opiniões dominantes — outro dia ouvi um colega bem-intencionado, mas desamparado, gritar angustiado: Nosso mundo está fragmentado! — mas ele é indestrutível e encontra maneiras de se reafirmar. A realidade metaléptica, que é deixada de lado como se fosse porcaria e bobagem, se ela afirma em público ser a principal preocupação do homem, volta a se infiltrar de forma sorrateira sob o respeitável disfarce da religião comparada, da literatura comparada, da história da arte, da ciência do mito, da história da filosofia, da história intelectual, da exploração de simbolismos primitivos na etnografia e na antropologia, do estudo de civilizações antigas, da arqueologia e da pré-história, do hinduísmo, do islamismo e do Extremo Oriente, das religiões de mistério helenísticas, dos textos de Qumran e do gnosticismo, do cristianismo primitivo e da Idade Média cristã e, por último, dos estudos clássicos.
Na história cultural da sociedade ocidental, o esplêndido avanço das ciências históricas tornou-se o sustentáculo da grande resistência ao clima de opinião. Em cada um dos campos enumerados, encontramos os homens que dedicam suas vidas a isso, porque aqui eles encontram a integridade espiritual e a totalidade da existência que, no nível dominante das universidades, foi destruída. Nenhum ataque crítico à insanidade da “Era” pode ser mais devastador do que o simples fato de que os homens que respeitam sua própria humanidade e querem cultivá-la como deveriam, precisam se refugiar no Megalithicum, no xamanismo siberiano, nos papiros coptas, nos petróglifos das cavernas da Île-de-France ou nos simbolismos das tribos africanas, a fim de encontrar um lar espiritual e a vida da razão. Ademais, esse subterrâneo se tornou o refúgio não apenas dos acadêmicos, mas também dos estudantes mais sensíveis, como se pode constatar percorrendo por uma hora uma livraria de faculdade; a natureza do homem se afirma, mesmo que esses pobres coitados, privados de orientação adequada, tateiem em busca de apoio em coisas exóticas como o I Ching.
Sob o manto histórico, portanto, o conhecimento substantivo a respeito da natureza do homem está presente em nossas universidades. Graças à ampliação fantástica do horizonte histórico no tempo e no espaço que ocorreu no século atual, esse conhecimento se tornou ainda mais abrangente e penetrante do que em qualquer outro momento da história de nossas universidades. Ao mesmo tempo, ele se tornou mais facilmente acessível a todos — basta comparar as dificuldades de acesso na década de 20, quando eu era estudante, com a atual abundância de brochuras. Essa presença formidável, no entanto, demora a se transformar em uma força formativa em nossas instituições de ensino superior.
Uma das razões para esse estranho estado de coisas ficará evidente em um incidente, ocorrido há alguns anos, em uma conferência sobre religião comparada. Um dos participantes quebrou o grande tabu e disse categoricamente a seus confrères que o assunto que eles estavam tratando era irrelevante de acordo com os padrões de opinião aos quais a maioria deles parecia aderir; mais cedo ou mais tarde, eles teriam que decidir se a ciência da religião comparada era uma terapia ocupacional para pessoas que, de outra forma, não teriam emprego, ou se era uma busca pela verdade da existência que seu assunto continha substancialmente. Não se poderia explorar para sempre os “fenômenos religiosos” e fingir sua importância, sem professar sem reservas que a busca do homem pelo fundamento divino de sua existência, bem como a presença reveladora de Deus na motivação da busca, constituía sua humanidade; em resumo, ele os confrontou com a questão da verdade implícita em suas admiráveis realizações como historiadores. Nem todos os presentes ficaram satisfeitos com essa falta de tato. A fachada histórica, portanto, é um dispositivo sensato, desde que garanta um grau de liberdade para a vida da razão em instituições que são dominadas por um clima essencialmente totalitário, mas ela corre o risco de se tornar parte do clima, como mostra esse incidente, se a fachada for usada para esterilizar o conteúdo e impedir que ele se torne eficaz em nossa sociedade. A fachada então se degenerará na ideologia do positivismo histórico.
O avanço das ciências históricas em relação à natureza do homem em suas várias manifestações chegou a um momento crítico: em retrospecto, a partir de uma posição histórica futura, essa será a base maciça para uma restauração da vida da razão? Ou será um último e interessante suspiro da razão, exalado por homens pequenos que não tiveram a coragem de suas convicções, antes que o clima totalitário a estrangulasse por um longo período?
Supondo que a primeira alternativa seja concretizada, os estudos clássicos terão uma função importante no processo, pois em sua manifestação grega a natureza do homem alcançou a luminosidade da consciência noética e desenvolveu os símbolos para sua auto-interpretação. A diferenciação grega da razão na existência estabeleceu padrões críticos para a exploração da consciência, atrás dos quais ninguém tem permissão para recuar. Essa conquista, no entanto, não é uma posse eterna, algo como uma herança preciosa a ser transmitida às gerações posteriores, mas uma ação paradigmática a ser explorada para ser continuada sob as condições de nosso tempo. Contudo, neste ponto, devo parar, pois a grande questão de como isso deve ser feito não pode ser respondida por meio de um programa; a própria ação concreta seria necessária; e como a manifestação grega da natureza do homem abrangeu o alcance de uma civilização, esse feito não pode ser realizado aqui e agora. Portanto, concluirei estas reflexões com a designação de duas áreas gerais nas quais nenhum grande avanço da ciência para além de seu estado atual parece possível sem o recurso e a continuação do esforço noético grego.
1. Se algo é característico do estado atual das ciências históricas, é a discrepância entre as montanhas de informações materiais e a pobreza de sua penetração teórica. Sempre que tenho de abordar problemas do mito primitivo ou do simbolismo imperial do Egito, do profetismo israelita, do apocalipse judáico ou dos evangelhos cristãos, da consciência histórica de Platão comparada com a de Deutero-Isaías, da consciência ecumênica de Políbio comparada com a de Mani, de magia ou hermetismo, e assim por diante, fico impressionado com o trabalho filosófico e de crítica textual feito sobre as fontes, mas me sinto frustrado porque pouquíssimo trabalho foi feito para relacionar os fenômenos dessa classe à estrutura da consciência no sentido da análise noética.
2. Uma das grandes conquistas da luta grega, tanto contra o mito mais antigo quanto contra o clima de opinião sofista, para a compreensão da ordem da existência do homem é a exploração da deformação existencial e suas variedades. Novamente, pouquíssimo foi feito para explorar essa conquista, para desenvolvê-la ainda mais e para aplicá-la aos fenômenos modernos de deformação existencial. Não temos nem mesmo um bom estudo sobre “alienação”, embora esse assunto tão atual deva estimular qualquer estudioso clássico a expressar o que tem a dizer sobre o assunto com base nas fontes que melhor conhece.
Original disponível em: https://voegelinview.com/on-classical-studies/
Notas:
- Friedrich August Wolf (1759-1824) criou a ciência da “filologia”. A obra sobre a qual sua fama ainda repousa é o Prolegomena ad Homerum (1795). ↩︎
- The Seventeenth Century Background: Studies in the Thought of the Age in Relation to Poetry and Religion (1934); The Eighteenth Century Background: Studies on the Idea of Nature in the Thought of the Period (1940). ↩︎
- Referência à obra de George Santayana, Life of Reason. (N.T.) ↩︎
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