Debate: correspondência entre Gottfried Wilhelm von Leibniz e Samuel Clarke – Parte I

Debate travado entre Leibniz e Samuel Clarke, um dos maiores discípulos de Isaac Newton.


Primeira Carta de Leibniz1

  1. A religião natural em si mesma parece se deteriorar muito [na Inglaterra]. Muitos consideram a alma humana como sendo material; outros fazem do próprio Deus um ser corpóreo. 
  2.  O Sr. Locke e seus seguidores não têm ao menos certeza se a alma é não material e naturalmente perecível;2
  3. Sir Isaac Newton diz que o espaço é um órgão que Deus faz uso como meio para perceber as coisas. Mas, se Deus precisa de qualquer órgão para perceber as coisas, isso significa que elas não dependem totalmente dEle, nem que foram produzidas por Ele.
  4. Sir Isaac Newton e seus seguidores também têm uma opinião muito estranha sobre a obra de Deus. De acordo com sua doutrina, o Deus Todo Poderoso precisa dar corda em seu relógio de vez em quando3, caso contrário este deixaria de se mover. Ele não tinha, ao que parece, previsão suficiente para fazer com que o movimento fosse perpétuo. Não, a máquina feita por Deus é tão imperfeita, de acordo com esses senhores, que Ele é obrigado a limpá-la de vez em quando por meio de um concurso extraordinário, e até a consertá-la, do mesmo modo que um relojoeiro faz um reparo em seu trabalho; este deve, consequentemente, ser tanto mais inábil quanto mais frequentemente ele é obrigado a consertar seu trabalho e a corrigi-lo. Segundo minha opinião, a mesma força e vigor permanecem sempre no mundo e só passam de uma parte da matéria para outra de acordo com as leis da natureza e com a bela ordem pré-estabelecida.  E sustento que, quando Deus faz milagres, Ele não o faz para suprir as necessidades da natureza, mas as da graça. Quem pensa o contrário deve, necessariamente, ter uma noção muito ruim sobre a sabedoria e o poder de Deus. 

Primeira resposta de Clarke (26 de novembro de 1715)

  1. Que existem alguns na Inglaterra, bem como em outros países, que negam ou corrompem até mesmo a própria religião natural é muito verdadeiro, e isso é muito a se lamentar. Mas (ao lado das afeições viciosas dos homens) isso deve ser atribuído principalmente à falsa filosofia dos materialistas, à qual os princípios matemáticos da filosofia são os mais diretamente repugnantes. Que alguns fazem da alma dos homens, e outros até do próprio Deus, um ser corpóreo também é muito verdadeiro, mas aqueles que o fazem são os grandes inimigos dos princípios matemáticos da filosofia; esses princípios, e somente esses, provam que a matéria ou o corpo é a menor e mais insignificante parte do universo. 
  2. Que o Sr. Locke duvidava se a alma era imaterial ou não é algo que pode ser justamente presumido de algumas partes de seus escritos, mas nisso ele tem sido seguido apenas por alguns materialistas, inimigos dos princípios matemáticos da filosofia, que aprovam pouco ou nada nos escritos do Sr. Locke, a não ser os seus erros. 
  3. Sir Isaac Newton não diz que o espaço é o órgão que Deus usa como meio para perceber as coisas, nem que Ele tem necessidade de qualquer meio para perceber as coisas, mas, pelo contrário, que Ele, sendo onipresente, percebe todas as coisas por sua presença imediata a elas em todo o espaço, onde quer que estejam, sem a intervenção ou assistência de qualquer órgão ou meio. A fim de tornar isso mais inteligível, ele o ilustra por uma similitude: que como a mente do homem – por sua presença imediata às figuras ou às imagens das coisas formadas no cérebro por meio dos órgãos da sensação – vê essas figuras como se fossem as próprias coisas, assim Deus vê todas as coisas por sua presença imediata às coisas em si, dado que Ele está realmente presente às coisas em si, a todas as coisas no universo, como a mente do homem está presente a todas as figuras das coisas formadas em seu cérebro. Sir Isaac Newton considera o cérebro e os órgãos da sensação como o meio pelo qual essas imagens são formadas, mas não como o meio pelo qual a mente vê ou percebe essas imagens quando elas são assim formadas. E ele não considera as coisas no universo como se fossem imagens formadas por certos meios ou órgãos, mas como coisas reais formadas pelo próprio Deus e vistas por Ele em todos os lugares onde estão, sem a intervenção de nenhum meio. E esta similitude é tudo o que ele quer dizer quando supõe que o espaço infinito é (por assim dizer) o sensorium do Ser onipresente.4  
  4. A razão pela qual, entre os homens, um artífice é tão justamente estimado quanto mais hábil for, na medida em que a máquina de sua composição continua a se mover regularmente e por mais tempo sem qualquer interposição do artífice, é porque a habilidade de todos os artífices humanos consiste apenas em compor, ajustar ou montar certos movimentos, cujos princípios são totalmente independentes do artífice: trata-se de pesos, molas e afins, cujas forças não são feitas, mas apenas ajustadas pelo artífice. Mas em relação a Deus o caso é bem diferente, porque Ele não só compõe ou reúne as coisas, mas é Ele mesmo o autor e o preservador contínuo de suas forças originais ou dos seus poderes móveis; e, consequentemente, isso não é uma diminuição, mas a verdadeira glória de Sua obra, pois nada é feito sem seu governo e inspeção contínuos. A noção de que o mundo é uma grande máquina, que funciona sem a interposição de Deus – como um relógio que continua a funcionar sem a ajuda do relojoeiro -, é a noção do materialismo e a de destino, e tende (sob o pretexto de fazer de Deus uma supramundane inteligence)5 a excluir a providência e o governo de Deus da realidade do mundo. E, pela mesma razão que um filósofo pode representar todas as coisas que acontecem desde o início da criação sem qualquer governo ou interposição da providência, um cético facilmente argumentará de forma ainda mais retrógrada e suporá que as coisas continuaram desde a eternidade (assim como eles fazem agora) sem qualquer tipo de criação verdadeira ou de autor original, mas tão-somente com o que tais argumentistas chamam de natureza onisciente e eterna. Se um rei tivesse um reino no qual todas as coisas continuam acontecendo sem seu governo ou interposição, ou sem seu atendimento e ordenação daquilo que é feito no reino, este seria para ele apenas um reino nominal, e ele não mereceria de forma alguma o título de rei ou de governador. Assim, do mesmo modo que aqueles homens que afirmam que em um governo terreno as coisas podem continuar perfeitamente bem sem que o próprio rei ordene ou se desfaça de qualquer coisa, e que podem ser razoavelmente suspeitos de que gostariam muito bem de colocar o rei de lado, assim como eles, quem quer que afirme que o curso do mundo pode continuar sem a direção contínua de Deus, o Governador Supremo, sua doutrina, de fato, tende a excluir Deus do mundo. 

Segunda Carta de Leibniz, sendo uma Resposta à primeira réplica de Clarke (final de dezembro, 1715)

  1. É corretamente observado no documento entregue à Princesa de Gales, que Sua Alteza Real tem o prazer de me comunicar, que, ao lado da corrupção de costumes, os princípios dos materialistas contribuem muito para manter a impiedade. Mas creio que não há razão para se acrescentar que os princípios matemáticos da filosofia são opostos aos dos materialistas. Pelo contrário, eles são os mesmos, apenas com esta diferença – que os materialistas, imitando Demócrito, Epicuro e Hobbes, se limitam totalmente aos princípios matemáticos e admitem apenas corpos, enquanto os matemáticos cristãos também admitem substâncias imateriais. Por essa razão, não são os princípios matemáticos (de acordo com o sentido usual dessa palavra), mas os princípios metafísicos que devem ser opostos aos dos materialistas. Pitágoras, Platão e Aristóteles, em alguma medida, tinham conhecimento desses princípios, mas eu afirmo tê-los estabelecido demonstrativamente em minha Theodicéia, embora eu o tenha feito de uma maneira popular. O grande fundamento da matemática é o princípio da contradição ou identidade, ou seja, que uma proposição não pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo, e que, portanto, A é A e não pode ser não A. Esse princípio único é suficiente para demonstrar cada parte da aritmética e da geometria, ou seja, todos os princípios matemáticos. Mas, para passar da matemática à filosofia natural, outro princípio é necessário, como tenho observado em minha Theodicéia; refiro-me ao princípio da razão suficiente, ou seja, que nada acontece sem uma razão para que assim seja, e não de outra forma. E, por isso, Arquimedes, desejoso de passar da matemática à filosofia natural, em seu livro De aequilibrio, foi obrigado a fazer uso de um caso particular do grande princípio da razão suficiente. Ele considera como evidente que se houver uma balança em que tudo seja igual em ambos os lados, e se pesos iguais forem pendurados nas duas pontas dessa balança, o todo estará em repouso. Isso porque não se pode dar nenhuma razão para que um lado pese mais que o outro.6 Agora, por esse princípio único, a saber, que deve haver uma razão suficiente para que as coisas sejam assim e não de outra forma, pode-se demonstrar o ser de Deus e todas as outras partes da metafísica ou da teologia natural e até mesmo, em alguma medida, aqueles princípios da filosofia natural que são independentes da matemática; quero dizer, os princípios dinâmicos ou os princípios de força.
  2. O autor prossegue e diz que, de acordo com os princípios matemáticos, ou seja, de acordo com a filosofia de Sir Isaac Newton (pois os princípios matemáticos não determinam nada no presente caso), a matéria é a parte mais desprezível do universo. A razão é que ele admite o espaço vazio afora a matéria e porque, de acordo com suas noções, a matéria preenche apenas uma parte muito pequena do espaço. Mas Demócrito e Epicuro sustentavam a mesma coisa; eles diferiam de Sir Isaac Newton apenas quanto à quantidade de matéria, e talvez acreditassem que havia mais matéria no mundo do que Sir Isaac Newton admitiria; Neste ponto eu acho que a opinião deles deveria ser preferida, porque, quanto mais matéria existe, mais Deus tem ocasião de exercer sua sabedoria e poder. Essa é uma das razões, entre outras, pela qual sustento que não existe nenhum vácuo. 
  3. Encontrei, em palavras expressas no Apêndice da Óptica de Sir Isaac Newton, que o espaço é o sensorium de Deus. Entretanto, a palavra sensorium sempre significou o órgão da sensação. Ele e seus amigos podem agora, se acharem conveniente, explicar-se de outra forma; não serei contra isso. 
  4. O autor supõe que a presença da alma é suficiente para fazê-la perceber conscientemente o que se passa no cérebro. Mas isso é exatamente o que o Padre Malebranche e todos os cartesianos negam; e eles o negam com razão. Algo mais é necessário, além da presença nua, para permitir que uma coisa represente o que se passa em outra. É necessária alguma comunicação que possa ser explicada, algum tipo de influência [ou coisas em comum ou causa comum] para esse fim. O espaço, segundo Sir Isaac Newton, está intimamente presente no corpo contido nele e é proporcional a ele. Será que daí resulta que o espaço percebe conscientemente o que se passa em um corpo e se lembra dele quando esse corpo desaparece? Além disso, sendo a alma indivisível, sua presença imediata, que pode ser imaginada no corpo, estaria apenas em um ponto. Como então ela poderia perceber conscientemente o que acontece a partir desse ponto? Eu afirmo ser o primeiro que mostrou como a alma percebe conscientemente o que se passa no corpo.7
  5. A razão pela qual Deus conscientemente percebe tudo não é sua presença nua, mas é também a sua operação. É porque Ele preserva as coisas através de uma ação que produz continuamente o que nelas é bom e perfeito. No entanto, a alma não tendo influência imediata sobre o corpo, nem o corpo sobre a alma, sua correspondência mútua não pode ser explicada por sua presença mútua. 
  6. A verdadeira e principal razão pela qual recomendamos uma máquina se baseia mais nos efeitos da máquina do que em sua causa. Não nos perguntamos tanto sobre o poder do artista como nos perguntamos sobre a sua habilidade em sua obra. E, por isso, a razão apresentada pelo autor para exaltar a máquina feita por Deus, com base no fato de que Ele a fez inteiramente sem tomar emprestado nenhum material de fora – esta razão, digo eu, não é suficiente. É uma simples manobra a qual o autor foi obrigado a recorrer, e a razão pela qual Deus excede qualquer outro artesão não é apenas porque Ele faz a totalidade, enquanto que todos os outros artesãos devem ter alguma matéria para trabalhar. Essa excelência em Deus seria apenas por causa do poder. Mas a excelência de Deus também surge de outra causa, a saber, da sabedoria, pela qual sua máquina dura mais tempo e se move com mais regularidade do que a de qualquer outro artesão. Aquele que compra um relógio não se importa se o artesão fez cada parte do relógio ele mesmo, ou se as peças foram feitas por outros e ele só as juntou – desde que o relógio dê certo. E se o trabalhador tivesse recebido de Deus até mesmo o dom de criar a matéria das engrenagens, o comprador do relógio não ficaria satisfeito, a menos que o trabalhador também tivesse recebido o dom de colocá-las juntas corretamente. De maneira semelhante, aquele que se agradará com a obra de Deus não poderá fazê-lo sem alguma outra razão diferente daquela que o autor aqui apresentou. 
  7. Assim, a habilidade de Deus não deve ser inferior à de um artesão; não, ela deve ir infinitamente além desta. A produção total de tudo mostraria de fato o poder de Deus, mas não mostraria suficientemente sua sabedoria. Aqueles que afirmam o contrário cairão exatamente no erro dos materialistas e de Espinoza, dos quais eles professam ser diferentes. Eles, nesse caso, reconheceriam o poder, mas não mostrariam a sabedoria suficiente quanto ao princípio de todas as coisas. 
  8. Não digo que o mundo material é uma máquina ou relógio que funciona sem a interposição de Deus, e tenho suficientemente insistido que a criação precisa ser continuamente influenciada por seu criador. Mas defendo que é um relógio que não precisa ser consertado por Ele; caso contrário, é preciso dizer que Deus se revê a si mesmo. Não, Deus tem a tudo previsto. Ele providenciou um remédio para tudo de antemão. Há em suas obras uma harmonia, uma beleza, já pré-estabelecida. 
  9. Essa opinião não exclui a providência de Deus ou seu governo do mundo; pelo contrário, ela a torna perfeita. Uma verdadeira providência de Deus requer uma perfeita previsão. Todavia exige, além disso, não apenas que Ele tenha previsto tudo, mas também que Ele tenha providenciado tudo de antemão com soluções adequadas; caso contrário, Ele deve carecer ou de sabedoria para prever as coisas ou de poder para providenciá-las. Ele seria como o Deus dos socinianos, que vive apenas no dia-a-dia, como diz o Sr. Jurieu. De fato, Deus, segundo os socinianos, não antecipa tanto os inconvenientes, enquanto que os cavalheiros com quem estou discutindo, que o obrigam a consertar seu trabalho, dizem apenas que Ele não provê contra os inconvenientes. Mas isso parece-me ser ainda uma imperfeição muito grande. De acordo com essa doutrina, a Deus deve faltar ou poder ou boa vontade.
  10. Acho que não posso ser justamente censurado por dizer que Deus é inteligentia supramundana.. Dirão eles que Ele é intelligentia mundana, que é, a alma do mundo? Espero que não. No entanto, eles farão bem em tomar cuidado para não cair nessa noção inadvertidamente. 
  11. A comparação com um rei, sob cujo reinado tudo deve acontecer sem sua interposição, não corresponde de forma alguma com o objetivo atual, uma vez que Deus preserva tudo continuamente e nada pode subsistir sem Ele. Seu reino, portanto, não é um reino nominal. É como se se dissesse que um rei – que originalmente cuidou de ter seus súditos muito bem educados, e que, por meio de seu cuidado em prover subsistência, os preserva muito bem em suas aptidões para suas diversas funções e em seu bom afeto para com ele -, por não ter nenhuma razão para alterar alguma coisa entre os seus súditos, fosse apenas um rei nominal.
  12. Para concluir. Se Deus é obrigado a consertar o curso da natureza de tempos em tempos, isso deve ser feito de forma sobrenatural ou natural. Se for feito sobrenaturalmente, devemos recorrer a milagres para explicar as coisas naturais, o que está reduzindo uma hipótese ad absurdum, pois tudo pode facilmente ser justificado por milagres. No entanto, se for feito naturalmente, então Deus não será inteligentia supramundana; ele será compreendido sob a natureza das coisas, ou seja, ele será a alma do mundo. 

Segunda resposta de Clarke (10 de janeiro de 1716)

  1. Quando eu disse que os princípios matemáticos da filosofia são opostos aos dos materialistas, o significado era que, enquanto os materialistas supõem que a estrutura da natureza poderia ter surgido de meros princípios mecânicos da matéria e do movimento, da necessidade e do destino, os princípios matemáticos da filosofia mostram, ao contrário, que o estado das coisas (a constituição do sol e dos planetas) é tal que não poderiam surgir de nada além de uma causa inteligente e livre. Quanto à propriedade do nome: na medida em que as consequências metafísicas decorrem demonstrativamente dos princípios matemáticos, os princípios matemáticos podem (se for considerado adequado) ser chamados de princípios metafísicos. 

    É bem verdade que nada é sem uma razão suficiente para tal, e, por isso, é assim e não de outra forma. Portanto, onde não há nenhuma causa, não pode haver nenhum efeito. Mas essa razão suficiente muitas vezes não é outra senão a mera vontade de Deus. Não pode haver outra razão senão a mera vontade de Deus, por exemplo, para que este sistema particular de matéria devesse ser criado em um determinado lugar, e aquele fosse feito em outro lugar em particular, quando (todo lugar sendo absolutamente indiferente a toda matéria) teria sido exatamente a mesma coisa se fosse vice versa, supondo que os dois sistemas (ou as partículas) de matéria fossem iguais. E se em nenhum caso se pudesse agir sem uma causa predeterminadora, assim como uma balança não pode se mover sem um peso predominante, isso tenderia a tirar todo o poder de escolha e a introduzir a fatalidade. 
  1. Muitos gregos antigos, que receberam sua filosofia dos fenícios e cuja filosofia foi corrompida por Epicuro, sustentavam, de fato, a matéria de modo geral e o vácuo; mas não sabiam como aplicar esses princípios à explicação dos fenômenos da natureza pela matemática. Por menor que seja a quantidade de matéria, Deus não tem nada de menos sujeito para exercer sua sabedoria e poder sobre, pois outras coisas, da mesma forma que a matéria, são igualmente sujeitos sobre os quais Deus exerce seu poder e sabedoria. Pelo mesmo argumento, poderia muito bem se provar que o homem, ou qualquer outra espécie particular de seres, deve existir em número infinito, para que não faltem a Deus súditos sobre os quais Ele possa exercer seu poder e sabedoria. 
  2. A palavra sensorial não significa propriamente o órgão, mas o lugar da sensação. O olho, o ouvido, etc., são órgãos, mas não o sensorial. Além disso, Sir Isaac Newton não diz que o espaço é o sensorial, mas que ele é, apenas por modo de similitude, “como se fosse o sensorial, etc.”.
  3. Nunca se supôs que a presença da alma fosse suficiente, mas apenas que fosse necessária, para que houvesse percepção. Sem estar presente às imagens das coisas percebidas, não se poderia percebê-las, mas estar presente não é suficiente sem que também se trate de uma substância viva. Qualquer substância inanimada, embora presente, não percebe nada. E uma substância viva só pode perceber onde ela está presente, seja às próprias coisas (como o Deus onipresente é para todo o universo) ou às imagens das coisas (como a alma do homem é em seu sensorial). Nada pode agir ou sofrer ação onde não está presente, nem pode estar onde não está. O fato de a alma ser indivisível não a faz ficar presente apenas em um mero ponto. O espaço, finito ou infinito, é absolutamente indivisível, ainda que em pensamento (imaginar suas partes movidas uma da outra é imaginá-las movidas para fora de si mesmas)8; e ainda assim o espaço não é um mero ponto.
  4. Deus percebe as coisas, não de fato por meio de sua simples presença a elas, nem ainda por sua operação sobre elas, mas por ser uma pessoa viva e inteligente, bem como uma substância onipresente. A alma também (dentro de sua estreita esfera), não as percebe por sua simples presença, mas por ser uma substância viva, ela percebe as imagens às quais está presente e que, sem estar presente a elas, não conseguiria perceber.  
  5. [Resposta unificada com a próxima seção]
  6. É bem verdade que a excelência da obra de Deus não consiste em mostrar apenas o poder, mas em mostrar também a sabedoria de seu autor. No entanto, a sabedoria de Deus não aparece ao fazer com que a natureza (como um artífice faz um relógio) seja capaz de continuar sem Ele (pois isso é impossível, não havendo poderes da natureza independentes de Deus como os poderes dos pesos e molas são independentes dos homens), mas a sabedoria de Deus consiste em formular originalmente a idéia perfeita e completa de uma obra, que começa e continua de acordo com essa idéia originalmente perfeita, através do contínuo exercício ininterrupto de seu poder e governo. 
  7. A palavra correção ou emenda deve ser entendida não em relação a Deus, mas somente em relação a nós. O esquema atual do sistema solar, por exemplo, de acordo com as atuais leis do movimento, com o tempo, cairá em confusão e, talvez, depois disso, será emendado ou colocado em uma nova forma. Mas essa emenda é apenas relativa no que diz respeito às nossas concepções. Na realidade, e com relação a Deus, o esquema atual, e a consequente desordem, e a seguinte renovação, são todos igualmente partes do esquema estruturado na idéia original e perfeita de Deus. Está no esquema do mundo, como no esquema do corpo do homem; a sabedoria de Deus não consiste em tornar eterno o esquema atual de qualquer um deles, mas em prolongá-lo pelo tempo que Ele achou adequado.  
  8. A sabedoria e a providência de Deus não consistem em fornecer originalmente remédios que, por si mesmos, curem as desordens da natureza. Pois, na verdade e a rigor, com relação a Deus não há desordens, e consequentemente não há remédios, e de fato não há poderes na natureza que possam fazer algo por si mesmos (como o trabalho de pesos e molas é por si mesmo em relação aos homens); mas a sabedoria e a previsão de Deus consistem (como já foi dito) em obter de imediato o que seu poder e seu governo estão continuamente colocando em execução real. 
  9. Deus não é nem uma inteligência mundana, nem uma inteligência supramundana, mas uma inteligência onipresente, tanto dentro como fora do mundo. Ele está em tudo, e através de tudo, assim como acima de tudo. 
  10. Se com Deus conservando todas as coisas significamos sua operação real e seu governo na preservação e continuidade dos seres, dos poderes, das ordens, das disposições e das moções de todas as coisas, isso é tudo o que se defende. Mas, se suas conservações não significam nada mais do que um rei criar súditos capazes de agir suficientemente bem sem sua intermediação ou ordenação a nada entre eles para sempre, isso o torna, de fato, um verdadeiro criador, mas apenas um governador nominal. 
  11. O argumento desse parágrafo supõe que o que Deus faz é sobrenatural ou milagroso, e consequentemente ele tende a excluir toda operação de Deus na governança e ordenação do mundo natural. Mas a verdade é que natural e sobrenatural não são nada diferentes em relação a Deus, mas meramente distinções em nossas concepções das coisas. Fazer com que o sol (ou a terra) se mova regularmente é algo que nós chamamos de natural. Parar seu movimento por um dia, nós chamamos de sobrenatural. Mas um não é efeito de um poder mais intenso do que o outro; nem o outro é mais ou menos natural ou sobrenatural do que o um. A presença de Deus no ou para o mundo não faz d’Ele a alma do mundo. Uma alma é parte de um composto, do qual o corpo é a outra parte, e eles se afetam mutuamente como partes de um mesmo todo.  Mas Deus está presente ao mundo, não como uma parte, mas como um governador, agindo sobre todas as coisas, Ele próprio agindo por meio de nada. Ele não está longe de cada um de nós, pois nEle nós (e todas as coisas) vivemos e nos movemos e temos o nosso ser. 

Terceira carta de Leibniz, sendo uma resposta à segunda réplica de Clarke (25 de fevereiro de 1716)

  1. De acordo com a maneira usual de falar, os princípios matemáticos dizem respeito apenas à matemática pura, ou seja, números, figuras, aritmética e geometria. Mas os princípios metafísicos dizem respeito a noções mais gerais, tais como causa e efeito. 
  2. O autor me concede este importante princípio, de que nada acontece sem uma razão suficiente para que assim seja, e não de outra forma. Mas ele o concede somente em palavras, e na realidade o nega. Isso mostra que ele não compreende totalmente sua força. E, portanto, ele faz uso de um exemplo, que se encaixa exatamente em uma de minhas demonstrações contra o espaço absoluto real, o ídolo de alguns ingleses modernos. Eu o chamo de ídolo não no sentido teológico, mas no filosófico, como diz o chanceler Bacon: que há idola tribus, idola specus.
  3. Esses senhores sustentam, portanto, que o espaço é um ser absoluto real. Mas isso os envolve em grandes dificuldades, pois parece que um ser assim deve ser, necessariamente, eterno e infinito. Daí que alguns acreditassem que ele fosse o próprio Deus, ou um de seus atributos, sua imensidão. Mas, como o espaço é composto de partes, ele não é uma coisa que possa fazer parte de Deus.
  4. Quanto à minha própria opinião, já disse mais de uma vez que considero o espaço como algo puramente relativo, como o é o tempo – que o considero como uma ordem de coexistência, como o tempo é uma ordem de sucessões. Pois o espaço denota, em termos de possibilidade, uma ordem de coisas que existem ao mesmo tempo, consideradas como existentes juntas, sem entrar em suas maneiras particulares de existir. E quando muitas coisas são vistas juntas, percebe-se conscientemente essa ordem de coisas entre si. 
  5. Tenho muitas demonstrações para confrontar a fantasia daqueles que tomam o espaço como substância, ou ao menos como um ser absoluto. Mas, no momento, usarei apenas uma demonstração, a qual o autor aqui me dá a oportunidade de enfatizar. Eu digo, então, que, se o espaço fosse um ser absoluto, algo aconteceria para o qual seria impossível que houvesse uma razão suficiente  – o que é contraditório ao meu axioma. E eu o provo assim: o espaço é algo absolutamente uniforme, e, sem as coisas nele colocadas, um ponto no espaço não se difere absolutamente, em nenhum aspecto, de um outro ponto no espaço. Agora, disso decorre (supondo que o espaço seja algo em si, além da ordem dos corpos entre si) que é impossível haver uma razão pela qual Deus, preservando as mesmas situações dos corpos entre si, deveria tê-los colocado no espaço seguindo uma certa maneira particular e não uma outra – pela qual nem tudo foi posicionado de maneira totalmente contrária, por exemplo, como ao mudar o leste em oeste. Mas, se o espaço não é outra coisa senão essa ordem ou relação, e não é nada sem os corpos a não ser a possibilidade de colocá-los, então, esses dois estados – um como é ele agora e o outro como supostamente seria de modo exatamente contrário – não difeririam em nada um do outro. Sua diferença, portanto, só poderia ser encontrada em nossa suposição quimérica sobre a realidade do espaço por si próprio. Mas, na verdade, uma coisa seria exatamente a mesma coisa que a outra, sendo elas absolutamente indiscerníveis e, consequentemente, não haveria motivo para inquirirmos por uma razão para a preferência de um pelo outro.
  6. É o mesmo no que diz respeito ao tempo. Supondo que alguém pergunte por que Deus não criou tudo um ano antes, e que a mesma pessoa deva inferir disso que Deus fez algo a respeito do qual não é possível que haja uma razão para que Ele o tenha feito assim e não de outra forma; a resposta é que sua inferência estaria correta, se o tempo fosse algo distinto das coisas existentes no tempo. Porque seria impossível que houvesse qualquer razão pela qual as coisas deveriam ser aplicadas a tais instantes particulares e não a outros, suas sucessões sendo as mesmas. Mas, então, o mesmo argumento prova que os instantes, considerados sem as coisas, não são nada em absoluto, e que eles consistem apenas na ordem sucessiva das coisas; essa ordem permanecendo a mesma, um dos dois estados, ou seja, o de uma suposta antecipação, não diferiria em nada – nem poderia ser discernido -, do outro que agora é. 
  7. Segundo o que eu disse, meu axioma não foi bem compreendido e o autor o nega, embora pareça concedê-lo. É verdade, diz ele, que não há nada sem uma razão suficiente para que assim seja, e por isso é assim e não de outra forma, mas acrescenta que essa razão suficiente é muitas vezes a simples ou mera vontade de Deus – como quando se pergunta por que a matéria não foi colocada em outro lugar no espaço, conservando-se as mesmas situações dos corpos entre si. Mas isso é claramente para afirmar que Deus deseja algo sem nenhuma razão suficiente para sua vontade, contrariando o axioma ou a regra geral de tudo o que acontece. Isso recai na frouxa indiferença, a qual tenho amplamente refutado e demonstrado ser absolutamente quimérica – mesmo entre as criaturas – e contrária à sabedoria de Deus, como se Ele pudesse operar sem agir pela razão. 
  8. O autor opõe contra mim que, se não admitirmos essa simples e pura vontade, tiramos de Deus o poder de escolher e trazemos uma fatalidade. Mas é exatamente o contrário que é verdade. Eu sustento que Deus tem o poder de escolher, já que fundamento esse poder na razão de uma escolha condizente à sua sabedoria. E isso não é essa fatalidade (é apenas a mais sábia ordem de providência), mas uma fatalidade cega ou uma necessidade vazia de toda sabedoria e escolha, é isso que devemos evitar. 
  9. Eu havia observado que, diminuindo a quantidade de matéria, a quantidade de objetos sobre os quais Deus pode exercer sua bondade será menor. O autor responde que, ao invés de matéria, existem outras coisas no espaço vazio sobre as quais Deus pode exercer sua bondade. Pode ser que assim seja, embora eu não o conceda, pois sustento que toda substância criada é acompanhada pela matéria. Contudo, deixemos que assim seja. Eu respondo que mais matéria estaria em conformidade com essas mesmas coisas e, consequentemente, os referidos objetos seriam ainda mais reduzidos. O exemplo de um número maior de homens ou animais não serve ao propósito, pois eles preencheriam lugar na exclusão de outras coisas. 
  10. Será difícil me fazer acreditar que o sensorium não significa, em seu sentido habitual, um órgão de sensação. Veja as palavras de Rudolphus Goclenius em seu Dictionarium Philosophicum em Sensiterium. “Barbarum Scholasticorum“, diz ele, “qui interdum sunt simiae Graecorum. Hi dicunt aitheteriun, ex quo illi fecerunt Sensiterium pro Sensorio, id est, Organo Sensationis.”9
  11. A mera presença de uma substância, mesmo animada, não é suficiente para a percepção. Um homem cego, e mesmo um homem cujos pensamentos estão vagando, não vê. O autor deve explicar como a alma percebe conscientemente o que está fora dela mesma. 
  12. Deus não está presente às coisas pela situação, mas pela essência; sua presença é manifestada por sua operação imediata. A presença da alma é de uma natureza bem diferente. Dizer que ela se difunde por todo o corpo é torná-la estendida e divisível. Dizer que ela está, toda ela, em cada parte do corpo, é torná-la divisível por si mesma. Fixá-la a um ponto, difundi-la em muitos pontos, são apenas expressões abusivas, idola tribus.10
  13. Se a força ativa devesse diminuir no universo através das leis naturais que Deus estabeleceu, de modo que houvesse necessidade dEle dar uma nova impressão a fim de restaurar essa força, como um artesão consertando as imperfeições de sua máquina, a desordem não seria apenas em relação a nós, mas também em relação ao próprio Deus. Ele poderia tê-lo evitado e tomado melhores medidas para evitar tal inconveniência e, portanto, de fato, Ele o fez. 
  14. Quando eu disse que Deus providenciou remédios de antemão contra tais desordens, eu não disse que Deus permite que as desordens aconteçam e, em seguida, encontra remédios para elas, mas que Ele encontrou uma maneira de evitar que quaisquer desordens aconteçam. 
  15. O autor se esforça em vão para criticar minha expressão de que Deus é intelligentia supramundana. Dizer que Deus está acima do mundo não é negar que Ele está no mundo. 
  16. Nunca dei nenhuma ocasião para se duvidar de que a conservação exercida por Deus é uma verdadeira preservação e continuação dos seres, dos poderes, das ordens, das disposições e dos movimentos de todas as coisas, e acho que talvez o tenha explicado melhor do que muitos outros. Mas, diz o autor, “isto é tudo o que eu defendi”.  A isso respondo, “vosso humilde servo está aqui para isso, senhor”. Nossa disputa consiste em muitas outras coisas. A questão é: se Deus não age da maneira mais regular e perfeita; se sua máquina está sujeita a desordens, as quais Ele é obrigado a eliminar por meios extraordinários; se a vontade de Deus pode agir sem razão; se o espaço é um ser absoluto; e, também, no que consiste a natureza dos milagres; e muitas dessas coisas, que fazem uma grande diferença entre nós.
  17. Os teólogos não concederão a posição do autor contra mim, a saber, que não há diferença, com respeito a Deus, entre o natural e o sobrenatural; e isso será ainda menos aprovado pela maioria dos filósofos. Há uma grande diferença entre essas duas coisas, mas aparentemente isso não foi devidamente considerado. O que é sobrenatural excede todos os poderes das criaturas. Vou dar um exemplo que muitas vezes utilizei com bom êxito. Se Deus quisesse fazer com que um corpo se movesse livremente no éter sobre um determinado centro fixo, sem que nenhuma outra criatura agisse sobre ele, eu digo que isso não poderia ser feito sem um milagre, uma vez que isso não pode ser explicado pela natureza dos corpos. Porque um corpo livre afasta-se naturalmente de uma curva na tangente. E, portanto, sustento que a atração dos corpos, propriamente chamada, é uma coisa milagrosa, uma vez que não pode ser explicada pela natureza dos corpos.

Notas:

[1] Trechos extraídos de uma carta enviada em novembro de 1715 a Caroline, Princesa de Gales.

[2] Ver o Ensaio Acerca do Entendimento Humano, IV, 3.6, e a Primeira Carta de Locke a Stillingfleet; ver também o Prefácio de Leibniz aos Novos Ensaios.

[3] Ver final da Pesquisa 31, em Óptica, de Isaac Newton.

[4] Clarke se refere à uma passagem em Óptica, Pesquisa 28.

[5] “Deus, segundo minha opinião, é uma inteligência extramundana, como Martianus Capelli o chama, ou melhor, uma inteligência supramundana”. Leibniz, Theodicéia, seção 217.

[6] Ver Arquimedes, Sobre o Equilíbrio dos Planos, Livro I, Postulado I.

[7] Ver Leibniz, Theodicéia.

[8] Clarke faz referência ao Principia de Newton, Escólio para a Definição 8.

[9] Rudolph Goclenius, Lexicon Philosophicum – Frankfurt, 1613; ed. reimpressa, Hildesheim: Georg O lrns, 1980, p. 1024. Goclenius foi uma obra de referência padrão para filósofos do século XVII, um compêndio alfabético de definições e distinções padrão. A passagem se traduz como: [Sensiterium é] um barbarismo devido aos escolásticos, que às vezes imitavam os gregos. Os gregos diziam aitheterion, do qual os escolásticos formaram o sensiterium, no lugar do sensorium, ou seja, o órgão da sensação”.

[10] “Ídolo da tribo”, ver Bacon, Novo Órganon, Aforismo 41.


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Sobre o Autor ou Tradutor

Bernardo Santos

Aluno do Olavão, bacharel em matemática, amante da Filosofia, tradutor e músico nas horas vagas, Bernardo Santos é administrador principal do Diário Intelectual.

2 thoughts on “Debate: correspondência entre Gottfried Wilhelm von Leibniz e Samuel Clarke – Parte I

  1. Incrível, apesar de não ter uma exposição prévia acerca do problema como um livro faria, a leitura direta de um debate entre esses dois autores não fica dificultada tendo algum conhecimento prévio (que seria requerido em alguma medida ao se ler um livro de qualquer forma). Pessoalmente eu aprendo melhor e mantenho minha atenção melhor nesse estilo de leitura em primeiro lugar, depois nos textos expositivos diretos e só em terceiro nos diálogos platônicos – parece estranho que o aprendizado seja melhor numa forma de diálogo que de outra, mas falo com sinceridade; esse tipo de debate por correspondência onde todos os pontos são tratados com calma mostram duas coisas: a discussão entre representantes das doutrinas abordadas pelos autores e a própria forma ou organização de como é uma discussão de alto nível entre filósofos reais, seja qual for o tema.

    Os assuntos são dos mais interessantes, desde a concepção materialista da realidade até a detalhes sobre como Deus opera no mundo – o que não deixa de levantar questões sobre sua própria natureza, já que sua forma de ser vai importar muito para indicar suas possibilidades, isto é, suas formas, de operar na realidade, e ambas as questões precisam ser discutidas ao mesmo tempo pois o descompasso impede as conclusões mútuas das teses, o que força os autores a tratarem cada um de algum número de teses simultaneamente em cada carta.

    Esse livro entra no rol de leituras essenciais, alargando mais ainda a já infindável lista de leituras da minha programação.

    Ótimo trabalho trazendo isso aqui e ótimo trabalho com o site e o perfil do Instagram.

    1. Olá, André! Que bom que o conteúdo foi útil para você. De fato, um gigantesco estudo prévio é necessário para inteira compreensão deste grande Debate. Eu talvez o faça no futuro, quando puder. Conheço pouquíssimas pessoas que têm conhecimentos suficientes para explicá-lo de maneira satisfatória: é necessário entender grande parte da filosofia perene – da filosofia grega até a Cartesiana -, e comprender profundamente os ensinamentos da Física e Metafísica de Aristóteles é um dos mais essenciais pré-requisitos. Publiquei este Debate completo na Amazon, e está disponível tanto em ebook quanto em versão física. A única parte ruim dele é que Leibniz morreu e a última carta de Clarke ficou sem Resposta. Obrigado pelo comentário e Deus te abençoe.

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