Maranhense lança livro sobre Mário Ferreira dos Santos — Resenha Cultural

Maranhense lança livro sobre Mário Ferreira dos Santos“, entrevista feita por Michael Amorim ao escritor Elvis Amsterdã.

A obra.

A Editora Danúbio acaba de publicar Vida e Obra de Mário Ferreira dos Santos: Uma Introdução, do maranhense Elvis Amsterdã, que estuda o filósofo brasileiro há mais de 20 anos. A obra consegue ser uma abordagem biográfica e filosófica que, em 100 páginas, esclarece por que o Mário é considerado o maior filósofo do Brasil e o maior da Língua Portuguesa. A pesquisa comporta estudo da bibliografia, narrativas de conhecidos, interpretações filosóficas e muito mais, numa combinação literária ágil e empolgante, que destoa por completo das introduções técnicas e despersonalizadas que geralmente acompanha abordagens de cunho filosófico.

Em Vida e Obra de Mário Ferreira dos Santos, o professor Elvis nos apresenta o filósofo em todas as suas facetas, tais como professor, escritor, tradutor e pai de família; na sala de aula e no leito de morte, fazendo com que a leitura seja um atrativo àqueles que buscam autoconhecimento. O livro ainda traz ao público fotos inéditas que completam a caracterização do filósofo; seja apanhado na profundeza de suas obras ou num passeio de família.

Sobre o autor.

Elvis Amsterdã nasceu em São Luís, capital do Estado do Maranhão, onde graduou-se em Filosofia pela Universidade Federal do Maranhão. Fez mestrado em Ontologia pela Universidade Federal de Santa Catarina, concluindo-o com a dissertação A Dialéctica-Ontológica de Mário Ferreira dos Santos, sob orientação do professor português Dr. João Eduardo Pinto Basto Lupi.

Trabalhou como professor na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), no Instituto Federal do Maranhão (IFMA), no Instituto Federal Catarinense (IFC); ministrou um curso On-line sobre Mário Ferreira dos Santos pela Faculdade Dehoniana de Taubaté, São Paulo. Atualmente é professor da Academia Dulcis Domus e da PróLínguas e trabalha como revisor das editoras Caudex e Danúbio. Também ministra cursos particulares sobre a Dialéctica de Mário Ferreira dos Santos, Lógica Clássica leitura.

O professor Elvis gentilmente concedeu uma entrevista. Leia a seguir:

Michael Amorim: Por que você escolheu, desde muito cedo, o estudo da filosofia do Mário Ferreira dos Santos e não de outro filósofo, como o próprio Olavo de Carvalho de quem tu foste aluno?

Elvis Amsterdã: Estudo o Olavo igualmente há 23 anos e continuo seu aluno. Na graduação eu também estudava Ortega y Gasset, Espinosa e Heidegger. Por que afinei os estudos no Mário? Porque sempre que eu queria aprender algo desde suas bases até os desenvolvimentos mais avançados, eu recorria ao Mário. Ele funcionava como minha introdução ao mundo da cultura. Eu via isso de modo mais claro no Mário do que nos demais autores.

Michael Amorim: A obra do Mário Ferreira dos Santos geralmente é tratada com desprezo pelos departamentos de filosofia das universidades brasileiras. Muito dificilmente um estudante de filosofia verá algum livro do Mário na grade do curso, ou como bibliografia obrigatória de determinada banca. Para você, quais as razões para isso? A obra do Mário não deveria, dada sua abrangência e profundidade, ser estudada nas universidades brasileiras?

Elvis Amsterdã: Deveria haver uma disciplina só para estudar o Mário: a Cátedra Mário Ferreira dos Santos; da mesma maneira que se faz com Dante, Shakespeare, Machado de Assis e Aristóteles.  A verdade é que encontrei quem trabalhasse o Mário na universidade. Uma professora de Axiologia usou, certa vez, um texto de Filosofia Concreta dos Valores. Ela não fazia idéia de quem fosse o autor, mas trabalhou o texto em sala de aula. E a professora de História da Filosofia do Brasil me permitiu fazer um trabalho sobre a Filosofia positiva e Concreta. Já o professor de História da Filosofia V, um substituto, ficou enfezadinho quando usei as críticas do Mário ao Hegel. Fez cara feia porque era comunista e safado, com o perdão da redundância.

Michael Amorim: O professor e filósofo, Olavo de Carvalho, teceu inúmeras críticas ao estado em que as atuais edições dos livros do Mário Ferreira dos Santos se encontram. Segundo o filósofo, seria necessário um grupo de estudiosos da obra do Mário que fossem capazes de preparar edições críticas de sua obra. Qual tua opinião sobre isso?

Elvis Amsterdã: Com certeza, a obra do Mário não é trabalho para um só. Precisamos de uns 5 filósofos para dar conta do serviço. Para tratar da obra do Mário precisamos virar filósofos, nem que seja na marra. Mas sem pressa.

Michael Amorim: Em uma live para o canal do Instituto Cultural Carcarás, no Youtube, tu disseste que “só um filósofo pode continuar a obra de outro filósofo”. De fato, é necessário filosofar para bem estudar filosofia. O próprio Mário Ferreira dos Santos dizia que o Brasil precisa de dezenas de novos Sócrates. Em teu livro, tu afirmas que “para editar o Mário é necessário virar filósofo de alguma maneira, para reconstruir o seu pensamento e apanhá-lo nos eventuais lapsos textuais”. Poderia comentar mais sobre isso?

Elvis Amsterdã: Quem topa editar Dialéctica Concreta, Teoria Geral das Tensões ou Tratado de Esquematologia? Nem os próprios donos dos direitos autorais tiveram peito de publicar nos últimos tempos um livro da última etapa do pensamento do Mário. Faz mais de 20 anos que não sai um único livro da Matese. Olavo de Carvalho, que era o Olavo de Carvalho, só publicou um, para dar o exemplo e mostrar como se faz. São livros que exigem maturidade lingüística, capacidade técnica na Filosofia, dotes criativos – intuitivos, para ser mais claro – e conhecimento específico da filosofia do Mário. Quem editar corretamente Dialéctica Concreta, com as lacunas que o livro apresenta, mostra que é um filósofo e demonstra, de lambuja, que é erudito. Mas não basta, obviamente, ser erudito, técnico e ter boa vontade.

Michael Amorim: Ainda em teu livro, na página 28 tu relembras do episódio em que a Livraria Globo submeteu a obra do Mário à crítica de alguns intelectuais para que, eventualmente, o publicasse. Um deles se pronunciou nos seguintes termos: “O livro seria um fracasso, pois brasileiro não lê filosofia”. Dado o atual cenário brasileiro, tendo em vista o mercado editorial, o que tu achas, o brasileiro lê mesmo filosofia?

Elvis Amsterdã: Há quem diga que o Mário vendeu 1 milhão de cópias. Há quem diga que vendeu 2 milhões. Até onde me consta, O Mínimo que você precisa saber para não ser um idiota (Record, 2013) vendeu 500.000 exemplares. Nas trocentas manifestações que houve no Brasil explodiu o #OlavoTemRazão. Sinceramente, somos um povo apaixonado pela Filosofia. Temos pelo menos a paixão da Filosofia, que nos leva a comprar esses livros e, eventualmente, a lê-los. Porém, são números absolutos. Proporcionalmente, pela magnitude do Brasil, isso ainda não é suficiente.

Michael Amorim: Logo nas primeiras páginas do livro encontramos a afirmação de que Mário Ferreira dos Santos é um genuíno filósofo brasileiro por ser um “filósofo dos absurdos confraternizados”. Poderia esclarecer melhor o que isso significa ?

Elvis Amsterdã: Dialéctica, meu nome é Brasil. Em algum lugar Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, afirma que no mês de maio sua mãe organizava as orações à Virgem Santíssima e que, depois do Terço, Januário tocava sanfona e comandava o forrobodó, ou seja, Rosário e arrasta-pé estavam em perfeita harmonia. Somos o povo que traz a dialéctica na medula. Carregamos a capacidade de conciliar as contradições. Inclusive podemos ensinar outros povos a serem plásticos e tolerantes. Vemos na dinamicidade mental do brasileiro, na combinação racial, na flexibilidade e elasticidade da mente religiosa e na capacidade de sofrer, um todo complexo e variado que dificilmente encontra parelho em outro lugar. A Filosofia Positiva e Concreta carrega consigo essa capacidade ecumênica, além de ser ela eminentemente uma dialéctica, ou uma combinação de dialécticas, que é um método filosófico que lida com oposições. Mário Ferreira dos Santos reúne a um só tempo Proudhon e Pitágoras, Nietzsche e Tomás de Aquino, Pedro da Fonseca, Platão e Aristóteles, Petrus Hispanus, João de Santo Tomás, João Duns Scot e uma vasta coorte de filósofos medievais que ele não apenas estudou como técnico, mas que incorporou como operador da filosofia. Assim, esses componentes combinados formam não uma contradição, mas uma nova unidade filosófica inesperada e poderosa.

Michael Amorim: Tu comentaste que muitos podem ver no Mário uma “miscelânea de filosofias” e perguntar “Como pode ser católico e anarquista, tomista, nietzschiano e escotista?” Me parece que fizeram a mesma indagação diante da filosofia do Olavo. Gostaria que comentasse um pouco sobre isso, aproveitando para responder aos incautos.

Elvis Amsterdã: São os que estudam filosofia como se brincassem de pata-cega: tateiam uma parte do pensamento e dizem que é isso, tateiam outra parte e dizem que é aquilo. Nem isso, nem aquilo, nem aquilo outro. É algo outro: uma filosofia original, como num casamento de uma japonesa com um nigeriano. A criança que vai nascer é algo outro, original, inesperado. A Filosofia do Professor Olavo parece pornografia aos ouvidos pudibundos e parece conservadorismo a outros, por outros desejos da carne. Basta ver os grupos tão contraditórios que se alimentaram dela. Mário Ferreira é um matemático, mas também é o filósofo que evidencia o papel da afetividade e da intuição. É o pitagórico católico, adepto de Proudhon; ele casa filosofia jesuíta, franciscana, carmelita e pitagórica sem nulidade matrimonial.

Michael Amorim: Na página 17 de teu livro, pode-se ler que “O estudo da Filosofia do Mário Ferreira dos Santos pode igualmente conduzir ao seu contrário, a Loucura”. De que forma se daria isso?

Elvis Amsterdã: Toda idéia, ao ser aplicada, tende a encontrar a sua contradição. Durante o governo Dilma, a Dilma encolheu e a direita cresceu; durante o governo Bolsonaro, a esquerda se agigantou e foi leão, até mesmo porque ninguém soltou a mão de ninguém. O excesso de uma filosofia é, obviamente, uma abominação que tende a encontrar seu oposto contraditório. Excesso de razão produz loucura, digamos assim. Mário Ferreira dos Santos tem de ser usado como remédio juntamente com outros autores que, do lado dele, causem efeitos colaterais: Gilberto Freyre e Gerardo Mello Mourão, por exemplo, são substâncias estéticas, estilísticas e culturais totalmente diferentes do Mário, mas que juntas a ele completariam nossa nutrição cultural. Há outra razão: ainda que sua filosofia seja dita Concreta, ela possui muitos e muitos elementos abstratos que não foram completados com a devida concreção, porque não houve tempo, porque o Mário morreu. Assim, cabe ao leitor não orbitar apenas no que ele diz, mas no que ele poderia dizer e teria de dizer caso houvesse tempo. Cabe perguntar, assim, o que a realidade nos diz em última instância.

Michael Amorim:  O Maranhão já foi terra de grandes poetas e intelectuais de grosso calibre. Como você avalia a atual produção cultural no estado?

Elvis Amsterdã: Queres saber minha opinião? Os analfabetos do Maranhão eram mais cultos que muitos doutores. Analfabetismo raiz, bem entendido, analfabetismo culto da minha avó parteira, benzedeira, agricultora, que era uma enciclopédia de fitoterapia e um Aulete de termos lusitanos perdidos nas praias de Tutóia. Pega a cultura oral do Nordeste: os cantadores, formados por homens analfabetos ou semi-alfabetizados e alguns poucos letrados; o vocabulário deles é uma potência, tanto pelo volume quanto pelo primor. Em Santa Catarina, conheci uma freira que, ao saber que sou do País do Maranhão, soltou de entrada: melhor português do Brasil! Ainda que eu goste de mitos e fábulas, e a mim parecia mitológica essa idéia, perguntei-lhe: “Sério, Irmã? Mas por quê?” “Eu vivia na Baixada Maranhense, disse-me ela, e quando aqueles caboclos falavam uma palavra desconhecida, eu pensava ser invencionice… Consultava depois o dicionário e… estava tudo lá.” Os caboclos tinham – não sei se ainda têm – fartura de verbo com que se expressar. Do ponto de vista literário e cultural, o Nordeste ainda é a região mais avançada do país. Rafael Quevedo, Wandeilson Miranda e Rodrigo Cardoso Pereira, na Literatura, em São Luís, são exemplos de que ainda temos fôlego para uma maratona.

Michael Amorim: Qual teu ponto de vista sobre a influência da cultura norte-americana na cultura brasileira de hoje?

Elvis Amsterdã: O maior problema não é a cultura americana em geral, mas as universidades e fundações americanas que nos querem impor sua agenda de cultura de morte: aborto, eutanásia, suicídio assistido e outras teratologias mais, todas monstruosidades absolutamente contrárias ao nosso modo de ser brasileiro. Não temos de dar satisfação aos demônios. Olavo tinha a idéia de promover um Congresso Internacional de Culturas Nacionais, algo mais ou menos assim, que ele sugeriu ao Presidente Itamar. Eu gostaria de promover o Congresso Internacional de Filosofias Nacionais, o que nos permitiria compreender que há muito mais saúde mental em pensadores deslocados do eixo central universitário, que só quer saber de Lógica Matemática e revolução, levando-se em conta que a primeira é também tremendamente revolucionária.

Michael Amorim: Em dado momento do livro tu afirmas que “ninguém neste país prospera intelectualmente (mesmo que tenha educação regular) sem ser autodidata”. Sendo um professor que possui formação superior, tendo inclusive feito mestrado, como conciliar a formação acadêmica, com todas as suas implicações e limitações, com o autodidatismo?

Elvis Amsterdã: Nem o doutorado garante que tu vais sair sabendo o fundamental de tua disciplina. Conheci um doutorando de Engenharia Química que descobriu com escândalo que os modelos atômicos são… modelos, e que não existem factualmente. Ele era um exemplo de que os analfabetos de outrora superavam os doutores de agora, nesse meu Brasil caboclo de mãe preta e pai João… Muito do que aprendi, aprendi só. Não, por exemplo, no que diz respeito à Lógica, de que tive excelentes professores. Para mim, o Professor Raimundo Portella, de Lógica Matemática, era o melhor profissional do Departamento de Filosofia da UFMA. Porém, outras coisas básicas, só por conta própria. Daí o meu apego ao Mário: seus livros contêm desde o básico até desenvolvimentos superiores.

Michael Amorim: A obra do Mário Ferreira dos Santos é extensa, profunda e, dizem alguns, mal editada. Existe algum roteiro para bem iniciar seu estudo?

Elvis Amsterdã: Sim, comece pelas 40 páginas iniciais de Filosofia Concreta, volume I (nas edições antigas da Logos), correspondentes às 10 primeiras TESES do livro. Aí está o núcleo da sua filosofia, desenvolvida por uma axiomática cuja tese inicial é ALGUMA COISA HÁ. Alguém que tenha alma de poeta ou pintor, pode começar por Tratado de Simbólica. Quem tenha interesses antropológicos, de Antropologia Filosófica, por Noologia Geral. Um espírito loucamente matemático, mas também um apaixonado pela Grécia, por Pitágoras e o tema do número, enfim. Mas de todas as suas obras certamente Filosofia Concreta é aquela em que melhor esplende o espírito do Mário Ferreira dos Santos. Não à toa, o título desse livro é o nome de sua filosofia.

Michael Amorim: Gostaria de agradecer por ter aceito o convite para esta entrevista. Sei que tens uma agenda cheia como professor e, a exemplo do personagem de O Feijão e o Sonho, de Orígenes Lessa — mas sem a desorientação deste — ainda cumprir a responsabilidade, ou vocação, melhor dizendo, de pai de família. Agradeço de coração o tempo cedido para esta singela entrevista. Gostaria de encerrá-la perguntando: qual conselho tu darias para o jovem que tem interesse em estudar filosofia? Por onde começar e como se manter firme na jornada quando se tem pouco tempo e muitas responsabilidades? Como conciliar o feijão e o sonho, afinal?

Elvis Amsterdã: Meus sonhos financiam meu feijão. Aos trancos e barrancos, persigo não deixar de ser eu mesmo. Dou aulas particulares sobre as coisas que verdadeiramente fazem sentido para mim e minhas outras atividades profissionais não são contraditórias a meus anseios. As pessoas me procuram para cursos privados e individuais de Lógica e Decadialéctica, para ajudá-las a ler Camões ou Ortega y Gasset, ou para explicar algo sobre o qual, por vezes, elas não sabem perguntar com precisão. Eu sou professor e meu ofício se coaduna perfeitamente com a atividade de escritor e com outras atividades que quero desenvolver. Não estabeleço oposição entre o sentido de minha vida e meu ofício regular e tento, em todas as situações, obter o maior benefício cognitivo possível. Para o jovem que deseja abraçar a Filosofia eu sugiro ir ao Santíssimo e indagar a Deus sobre o que fazer precisamente e, lá, encarar o autor do mundo, a própria Verdade Encarnada. Atualmente, moro em Taubaté-SP. Mas, se eu hoje fosse garoto aí em São Luís, faria isso na Igreja do Carmo, dos capuchinhos, ali próximo à Praça João Lisboa. Eu poderia dizer: lê Olavo, lê Gasset, lê o Mário… mas seriam dicas abstratas para uma vida concreta. Só Deus sabe dar uma resposta concreta para uma vida concreta ante uma pergunta tão sincera e determinante como essa. Então, para alguém que deseja ser amante da Sabedoria, proponho namorar com o Verbo Encarnado na Igreja dos Capuchinhos.

São Luís, 08 de Dezembro de 2023, Festa da Imaculada.


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Sobre o Autor ou Tradutor

Michael Amorim

Michael Amorim é casado com a Indiara Amorim e pai do João Lucas e do Luís Miguel. Mora em São Luís do Maranhão onde graduou-se em filosofia pela Universidade Federal do Maranhão – UFMA, e fundou o Instituto Cultural Carcarás. Também serve como acólito no convento carmelita Carmelo São José. Mais informações sobre o autor no Instagram: @michael25amorim.

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