William James

William James foi um pensador original nas disciplinas de fisiologia, psicologia e filosofia. Sua obra-prima de doze centenas de páginas, Os Princípios da Psicologia (1890), é uma rica mistura de fisiologia, psicologia, filosofia e reflexão pessoal que nos deu idéias como a do “fluxo de pensamento” e da impressão que o bebê tem acerca do mundo “como uma grande confusão que desabrocha” (PP 462). Ela contém as sementes do pragmatismo e da fenomenologia, e influenciou gerações de pensadores na Europa e na América, incluindo Edmund Husserl, Bertrand Russell, John Dewey, e Ludwig Wittgenstein. James estudou na Escola Científica Lawrence de Harvard e na Escola de Medicina, mas seus escritos foram desde o início tão filosóficos quanto científicos. “Observações sobre a Noção de Spencer sobre a Mente como Correspondência” (1878) e “O Sentimento da Racionalidade” (1879, 1882) pressagiam seu futuro pragmatismo e pluralismo, e contêm as primeiras declarações de sua visão de que as teorias filosóficas são reflexos do temperamento do filósofo.

James dá dicas sobre suas preocupações religiosas em seus primeiros ensaios e em Os Princípios, mas elas se tornam mais explícitas em A Vontade de Acreditar e Outros Ensaios em Filosofia Popular (1897), A Imortalidade Humana: Duas Supostas Objeções à Doutrina (1898), As Variedades da Experiência Religiosa (1902) e em Um Universo Pluralista (1909). James oscilou entre pensar que um “estudo da natureza humana” como as Variedades poderia contribuir para uma “Ciência da Religião” e a crença de que a experiência religiosa envolve um domínio totalmente sobrenatural, de alguma maneira inacessível à ciência, mas acessível ao sujeito humano individual.

James fez algumas de suas mais importantes contribuições filosóficas na última década de sua vida. Em uma explosão de escrita em 1904-5 (coletada em Ensaios em Empirismo Radical (1912)) ele expôs a visão metafísica mais comumente conhecida como “monismo neutro”, segundo a qual existe uma “coisa” fundamental que não é nem material nem mental. Em “Um Universo Pluralista” ele defende a visão mística e anti-pragmática de que os conceitos distorcem ao invés de revelar a realidade, e em seu influente Pragmatismo (1907), ele apresenta sistematicamente um conjunto de opiniões sobre a verdade, o conhecimento, a realidade, a religião e a filosofia, que permeiam seus escritos a partir do final da década de 1870.

1. Cronologia da vida de James

  • 1842. Nasceu na cidade de Nova York, primeiro filho de Henry James e Mary Walsh James. Educado por tutores e em escolas particulares em Nova York.
  • 1843. Nasce o irmão Henry.
  • 1848. Nasce a irmã Alice.
  • 1855-8. A família se muda para a Europa. William frequenta uma escola em Genebra, Paris e Boulogne-sur-Mer; desenvolve interesses em pintura e ciências.
  • 1858. A família se estabelece em Newport, Rhode Island, onde James estuda pintura com William Hunt.
  • 1859-60. A família se estabelece em Genebra, onde William estuda ciências na Geneva Academy; depois retorna a Newport quando William decide que deseja retomar seus estudos de pintura.
  • 1861. William abandona a pintura e ingressa na Lawrence Scientific School, em Harvard.
  • 1864. Ingressa na Escola de Medicina de Harvard.
  • 1865. Participa da expedição amazônica de seu professor Louis Agassiz, contrai uma forma leve de varíola, recupera-se e viaja pela Amazônia, coletando espécimes para o museu zoológico de Agassiz em Harvard.
  • 1866. Retorna à faculdade de medicina. Sofre de cansaço visual, problemas nas costas e depressão suicida no outono.
  • 1867-8. Viaja para a Europa em busca de saúde e educação: Dresden, Bad Teplitz, Berlim, Genebra, Paris. Estuda fisiologia na Universidade de Berlim, lê filosofia, psicologia e fisiologia (Wundt, Kant, Lessing, Goethe, Schiller, Renan, Renouvier).
  • 1869. Recebe o título de M. D., mas nunca exerce a profissão. Depressão severa no outono.
  • 1870-1. A depressão e a saúde debilitada continuam.
  • 1872. Aceita a oferta do Presidente Eliot de Harvard para lecionar no curso de graduação em fisiologia comparativa.
  • 1873. Aceita uma indicação para lecionar um ano inteiro de anatomia e fisiologia, mas adia o ensino por um ano para viajar pela Europa.
  • 1874-5. Começa a lecionar psicologia; estabelece o primeiro laboratório americano de psicologia.
  • 1878. Casa-se com Alice Howe Gibbens. Publica “Remarks on Spencer’s Definition of Mind as Correspondence” no Journal of Speculative Philosophy.
  • 1879. Publica “O Sentimento de Racionalidade” na Mind.
  • 1880. Nomeado professor assistente de filosofia em Harvard. Continua a lecionar psicologia.
  • 1882. Viaja para a Europa. Encontra-se com Ewald Hering, Carl Stumpf, Ernst Mach, Wilhelm Wundt, Joseph Delboeuf, Jean Charcot, George Croom Robertson, Shadworth Hodgson, Leslie Stephen.
  • 1884. Dá palestras sobre “O Dilema do Determinismo” e publica “Sobre Algumas Omissões da Psicologia Introspectiva” na Mind.
  • 1885-92. Leciona psicologia e filosofia em Harvard: lógica, ética, filosofia empírica inglesa, pesquisa psicológica.
  • 1890. Publica Os Princ[ipios da Psicologia com Henry Holt, de Boston, doze anos depois de ter concordado em escrevê-lo.
  • 1892. Publica Psicologia: Um Breve Curso, com Henry Holt.
  • 1897. Publica A Vontade de Acreditar e Outros Ensaios em Filosofia Popular, com Longmans, Green & Co. Palestras sobre “Imortalidade Humana” (publicadas em 1898).
  • 1898. Identifica-se como pragmatista em “Conceitos Filosóficos e Resultados Práticos“, proferida na Universidade da Califórnia, Berkeley. Desenvolve problemas cardíacos.
  • 1899. Publica Palestras para Professores sobre Psicologia: e para Estudantes sobre Alguns dos Ideais da Vida (incluindo “Sobre uma Certa Cegueira nos Seres Humanos” e “O Que Faz a Vida Valer a Pena?”) com Henry Holt. Torna-se membro ativo da Anti-Imperialist League, opondo-se à política dos EUA nas Filipinas.
  • 1901-2. Ministra as palestras de Gifford sobre “As Variedades da Experiência Religiosa” em Edimburgo (publicadas em 1902).
  • 1904-5 Publica “A ‘Consciência’ existe?“, “Um Mundo de Experiência Pura“, “Como duas Mentes Podem Saber a Mesma Coisa“, “O Empirismo Radical é Solipsista?” e “O Lugar dos Fatos Afetivos em um Mundo de Experiência Pura” no Journal of Philosophy, Psychology and Scientific Methods. Todos foram reimpressos em Ensaios sobre Empirismo Radical (1912).
  • 1907. Renuncia ao cargo de professor em Harvard. Publica Pragmatismo: Um Novo Nome para Algumas Velhas Formas de Pensar, com Longmans, Green & Co., baseado em palestras dadas em Boston e em Columbia.
  • 1909. Publica Um Universo Pluralista com a Longmans, Green & Co., com base nas palestras Hibbert proferidas na Inglaterra e em Harvard no ano anterior.
  • 1910. Publica “Uma Mística Pluralista” no Hibbert Journal. Abandona a tentativa de completar um “sistema” de filosofia. (Seu manuscrito parcialmente concluído é publicado postumamente como Alguns Problemas da Filosofia). Morre de insuficiência cardíaca em sua casa de veraneio em Chocorua, New Hampshire.

2. Primeiros Escritos

Observações Sobre a Definição de Spencer sobre a Mente Enquanto Correspondência” (1878)

Embora fosse oficialmente um professor de psicologia quando a publicou, a discussão de James sobre Herbert Spencer aborda temas característicos de sua filosofia: a importância da religião e das paixões, a variedade de respostas humanas à vida e a idéia de que ajudamos a “criar” as verdades que “registramos” (E 21). Ao adotar o ponto de vista de Spencer de que o ajuste do organismo ao ambiente é a característica básica da evolução mental, James acusa Spencer de projetar sua própria visão sobre o que deveria ser nos fenômenos que ele afirma descrever. James afirma que a sobrevivência é apenas um dos muitos interesses que os seres humanos têm: “Os afetos sociais, todas as várias formas de diversão, as insinuações emocionantes da arte, as delícias da contemplação filosófica, o repouso da emoção religiosa, a alegria da autoaprovação moral, o encanto da fantasia e da inteligência — alguns ou todos esses são absolutamente necessários para tornar tolerável a noção de mera existência;…” (E 13). James afirma que somos todos criaturas teleológicas na base, cada uma com um conjunto de valores e categorias a priori. Spencer “simplesmente toma partido do telos que ele prefere” (E 18).

O empirismo característico de James aparece em sua afirmação de que os valores e as categorias lutam entre si no decorrer da experiência humana e que seus conflitos “só podem ser resolvidos ambulando, e não por qualquer definição a priori“. A “fórmula que provar ter o destino mais massivo”, conclui ele, “será a verdadeira” (E 17). No entanto, James deseja defender seu senso de que qualquer formulação desse tipo será determinada tanto por uma mente humana que age livremente quando pelo mundo, uma posição que ele mais tarde (em Pragmatismo) chama de “humanismo”: “A mente, desde seu nascimento, tem uma espontaneidade, um voto. Ela está no jogo, e não é uma mera espectadora; e seus julgamentos sobre o que deveria ser, seus ideais, não podem ser retirados do corpo do cogitandum como se fossem excrescências…” (E 21).

O Sentimento de Racionalidade” (1879, 1882)

O conteúdo desse ensaio foi publicado pela primeira vez na Mind, em 1879, e na Princeton Review, em 1882, e depois republicado em A Vontade de Acreditar e Outros Ensaios de Filosofia Popular, em 1897. Embora não chegue a afirmar que a racionalidade é um sentimento, James sustenta que um sentimento — na verdade, um conjunto de sentimentos — é uma “marca” da racionalidade. O filósofo, escreve James, reconhecerá a racionalidade de uma concepção “como reconhece tudo o mais, por meio de certas marcas subjetivas com as quais ela o afeta. Quando ele obtém as marcas, ele pode saber que obteve a racionalidade”. Essas marcas incluem um “forte sentimento de tranquilidade, paz, descanso” (BM 57) e um “sentimento de suficiência do momento presente, de sua absolutez” (BM 58). Há também uma “paixão pela parcimônia” (BM 58) que é sentida na apreensão de unificações teóricas, bem como uma paixão pela distinção, uma “lealdade à clareza e integridade da percepção, aversão a contornos borrados, a identificações vagas” (BM 59). James afirma que o filósofo ideal combina essas duas paixões da racionalidade, e até mesmo alguns grandes filósofos vão longe demais em uma ou outra direção: A unidade de Espinosa de todas as coisas em uma única substância é “estéril”, assim como a “‘frouxidão e separação’ de tudo…” (BM 60) de Hume.

Os sentimentos da racionalidade operam não apenas na lógica ou na ciência, mas na vida cotidiana. Quando entramos em uma sala pela primeira vez, por exemplo, “não sabemos que correntes de ar podem soprar em nossas costas, que portas podem se abrir, que formas podem surgir, que objetos interessantes podem ser encontrados em armários e cantos”. Essas pequenas incertezas agem como “irritantes mentais”, que desaparecem quando passamos a nos orientar no cômodo e a nos “sentir em casa” (WB 67-8).

James inicia a segunda parte de seu ensaio considerando o caso em que “duas concepções [são] igualmente adequadas para satisfazer a demanda lógica” por fluência ou unificação. Nesse ponto, segundo ele, é preciso considerar um componente “prático” da racionalidade. A concepção que “desperta os impulsos ativos ou satisfaz outras demandas estéticas melhor do que a outra será considerada a concepção mais racional e merecidamente prevalecerá” (WB 66). James coloca a questão tanto como uma questão de psicologia — uma previsão do que ocorrerá — quanto como uma questão de julgamento, pois ele sustenta que ela prevalecerá “merecidamente”.

Como em seu ensaio sobre Spencer, James explora as relações entre os temperamentos e a teorização filosófica. Ele afirma que o idealismo “será escolhido por um homem de uma constituição emocional e o materialismo por um de outra”. O idealismo oferece um senso de intimidade com o universo, a sensação de que, em última análise, eu “sou tudo”. Porém, os materialistas encontram no idealismo “um ar estreito, fechado, de quarto de doente” e preferem conceber um universo incerto, perigoso e selvagem que “não respeita nosso ego”. Deixe “as marés correrem”, pensa o materialista, “mesmo que elas corram sobre nós” (WB 76). James é simpático tanto à ideia de que o universo é algo com o qual podemos ter intimidade quanto à ideia de que ele é selvagem e imprevisível. Se ele critica o idealismo por seu “ar de quarto de doente”, ele critica as formas reducionistas de materialismo por negarem aos “nossos poderes mais íntimos… toda a relevância nos assuntos universais” (WB 71). A intimidade e a selvageria retratadas nessas filosofias contrastantes respondem às propensões, paixões e poderes dos seres humanos, e a “luta” dessas duas formas de “temperamento mental”, prevê James, sempre será vista na filosofia (BM 76). Certamente, ela é sempre vista na filosofia de William James.

3. Os Princípios da Psicologia

Em 1878, James concordou em escrever um livro didático de psicologia para o editor americano Henry Holt, mas levou doze anos para produzir o manuscrito e, quando o fez, descreveu-o a Holt como “uma massa repugnante, distendida, intumescida, inchada e hidrópica, que atesta apenas dois fatos: Primeiro, que não existe uma ciência da psicologia e, segundo, que W. J. é um incapaz” (As Cartas de William James, ed. Henry James. (Boston: Little, Brown, 1926, pp. 393-4). No entanto, esse volume de mil páginas sobre psicologia, fisiologia e filosofia provou ser a obra-prima de James, contendo as primeiras declarações de suas principais ideias filosóficas em capítulos extraordinariamente ricos sobre “O Fluxo de Pensamento”, “A Consciência do Eu”, “Emoção”, “Vontade” e muitos outros tópicos.

James nos diz que seguirá o método psicológico da introspecção em Os Princípios, o qual ele define como “olhar para dentro de nossas próprias mentes e relatar o que descobrimos” (PP 185). De fato, ele adota várias abordagens metodológicas no livro. Logo no início, ele inclui capítulos sobre “As funções do cérebro” e “Sobre algumas condições gerais da atividade cerebral”, que refletem seus anos como professor de anatomia e fisiologia em Harvard, e defende a tese reducionista e materialista de que o hábito é “no fundo um princípio físico” (PP 110). À medida que o livro avança, ele se envolve em discussões com filósofos — por exemplo, com Hume e Kant em seu capítulo de cem páginas sobre o eu — e se vê fazendo afirmações metafísicas que antecipam seu pragmatismo posterior, como quando escreve: “Não há nenhuma propriedade ABSOLUTAMENTE essencial a qualquer coisa. A mesma propriedade que figura como a essência de uma coisa em uma ocasião torna-se uma característica muito inessencial em outra” (PP 959).

A própria “introspecção” abrange uma série de relatos. James discute os experimentos que seus contemporâneos Wundt, Stumpf e Fechner estavam realizando em seus laboratórios, o que os levou a resultados como o de que “os sons são discriminados de maneira menos delicada em intensidade do que as luzes” (PP 513). Mas muitas das observações introspectivas mais importantes e memoráveis de James vêm de sua própria vida. Por exemplo:

O ritmo de uma palavra perdida pode estar lá sem um som para revesti-lo…. Todos devem conhecer o efeito tentador do ritmo vazio de algum verso esquecido, dançando incansavelmente em nossa mente, lutando para ser preenchido com palavras (PP 244).

Nossos pais e nossas mães, nossas esposas e nossos filhos são ossos de nossos ossos e carne de nossa carne. Quando eles morrem, uma parte de nós mesmos se vai. Se eles fizerem algo errado, isso é uma vergonha para nós. Se forem insultados, nossa raiva se manifesta tão prontamente como se estivéssemos em seu lugar. (PP 280).

Há uma excitação durante o ataque de choro que não deixa de ter um certo prazer pungente próprio; mas seria necessário um gênio da felicidade para descobrir qualquer traço de qualidade redentora na sensação de tristeza seca e apertada (PP 1061).

Você quer ou não quer que seja assim?” é a pergunta mais sondadora que já nos fizeram; perguntam-nos a cada hora do dia, e sobre as coisas maiores e menores, as mais teóricas e as mais práticas. Respondemos com consentimentos ou não-consentimentos, e não com palavras. Não é de se admirar que essas respostas mudas pareçam ser nossos órgãos mais profundos de comunicação com a natureza das coisas! (PP, p. 1182).

Nesta última citação, James aborda um problema filosófico a partir de uma perspectiva psicológica. Embora ele se abstenha de responder à pergunta se essas “respostas” são de fato órgãos profundos de comunicação com a natureza das coisas — relatando apenas que elas nos parecem ser assim — em seus escritos posteriores, como em Variedades da Experiência Religiosa e Um Universo Pluralista, ele confessa e, até certo ponto, defende sua crença de que a pergunta deve ser respondida afirmativamente.

No merecidamente famoso capítulo sobre “O fluxo do pensamento”, James considera que está oferecendo uma descrição mais rica da experiência do que a dos empiristas tradicionais, como Hume. Ele acredita que as relações, as margens vagas e as tendências são experimentadas diretamente (uma visão que ele defenderia mais tarde como parte de seu “empirismo radical”). Suas águas se misturam, e nossa consciência individual — ou, como ele prefere chamá-la às vezes, nossa “consciência” — é “mergulhada e tingida” nas águas da consciência ou do pensamento que a cercam. Nossa vida psíquica tem ritmo: é uma série de transições e locais de repouso, de “voos e pousos” (PP 236). Repousamos quando nos lembramos do nome que estávamos procurando; e partimos novamente quando ouvimos um barulho que pode ser o bebê acordando de seu cochilo.

O interesse — e seu parente próximo, a atenção — é um componente importante não apenas da psicologia de James, mas da epistemologia e da metafísica que se infiltram em sua discussão. Uma coisa, afirma James em “O Fluxo do Pensamento”, é um grupo de qualidades “que nos interessam prática ou esteticamente e às quais, portanto, damos nomes substantivos…”. (PP 274). E a realidade “significa simplesmente a relação com nossa vida emocional e ativa… tudo o que excita e estimula nosso interesse é real” (PP 924). Nossa capacidade de prestar atenção a uma coisa em vez de outra é, para James, o sinal de um “elemento ativo em toda consciência, (…) um algo espiritual (…) que parece sair para encontrar essas qualidades e conteúdos, enquanto elas parecem entrar para serem recebidas por ele”. (PP 285). Diante da tensão entre o determinismo científico e nossa crença em nossa própria liberdade ou autonomia, James — falando não como psicólogo, mas como o filósofo que ele se tornou — argumenta que a ciência “deve ser constantemente lembrada de que seus propósitos não são os únicos propósitos e que a ordem de causação uniforme que ela utiliza e, portanto, está certa em postular, pode estar envolvida em uma ordem mais ampla, sobre a qual ela não pode fazer nenhuma reivindicação” (PP 1179).

Em suas discussões sobre a consciência, James parece ser, em vários momentos, um materialista reducionista, um dualista, um protofenomenologista e um psicólogo neutro que não ousaria considerar questões filosóficas. Uma das camadas mais originais de Os Princípios está na busca de James por uma descrição “pura” do fluxo de pensamento que não pressuponha que ele seja mental ou material, uma busca que antecipa não apenas seu próprio “empirismo radical” posterior, mas também a fenomenologia de Husserl. Em seu capítulo sobre “Sensação”, por exemplo, James se esforça para negar que as sensações estejam “na mente” e que, depois, “por meio de um ato especial de nossa parte, são ‘extraditadas’ ou ‘projetadas’ de modo a parecerem localizadas em um mundo exterior” (PP 678). Ele argumenta que nossas experiências originais são objetivas, que “somente quando a reflexão se desenvolve é que nos tornamos conscientes de um mundo interior” (PP 679). Entretanto, o mundo objetivo originalmente experimentado não é o mundo das relações espaciais que pensamos:

Certamente uma criança recém-nascida em Boston, que tem a sensação da chama da vela que ilumina o quarto ou do alfinete de sua fralda, não sente que nenhum desses objetos esteja situado na longitude 71 W. e latitude 42 N…… A chama preenche seu próprio lugar, a dor preenche seu próprio lugar; mas até o momento esses lugares não são identificados nem discriminados em relação a nenhum outro lugar. Isso vem depois. Pois os lugares assim conhecidos pela primeira vez de maneira sensível são elementos do espaço-mundo da criança que permanecem com ela por toda a vida. (PP 681-2)

O capítulo de James sobre “Hábito”, no início do livro, aborda o hábito como uma questão física, mas termina considerando suas implicações éticas. James argumenta que as leis da natureza são, elas próprias, hábitos, “nada além dos hábitos imutáveis que os diferentes tipos elementares de matéria seguem em suas ações e reações uns sobre os outros” (PP 109). Em nosso cérebro, os hábitos são as vias da energia nervosa, assim como os rios e riachos são as vias do fluxo da água. No nível da pele, até mesmo uma cicatriz é um tipo de hábito, “mais propenso a ser desgastado, inflamado, a sofrer dor e frio do que as partes vizinhas” (PP 111). Também no nível psicológico, “qualquer sequência de ação mental que tenha sido repetida com frequência tende a se perpetuar…” (PP 116). Os hábitos são úteis para diminuir a atenção que temos de dedicar às nossas ações, permitindo-nos, assim, desenvolver “nossos poderes mentais mais elevados” (PP 126). Em nível social, o hábito é “o enorme volante da sociedade, seu mais precioso agente conservador. Só ele nos mantém dentro dos limites da ordem e salva os filhos da fortuna das revoltas invejosas dos menos favorecidos” (PP 125). As “implicações éticas da lei do hábito” (PP 124), na opinião de James, dizem respeito aos hábitos que escolhemos desenvolver, e quando. Muitos hábitos devem começar cedo na vida: “Dificilmente um idioma aprendido depois dos vinte anos é falado sem um sotaque estrangeiro” (PP 126). Devemos nos esforçar para tornar nosso “sistema nervoso nosso aliado em vez de nosso inimigo”, formando o máximo de bons hábitos que pudermos, o mais cedo possível na vida. Mesmo mais tarde na vida, devemos manter nossa capacidade de resolução em forma, fazendo a cada um ou dois dias “algo por nenhuma outra razão que não seja a de que você preferiria não fazê-lo” (PP 130).

Dois capítulos dignos de nota no final de Os Princípios são “As Emoções” e “Vontade”. O primeiro apresenta a teoria — também enunciada pelo fisiologista dinamarquês Carl Lange — de que a emoção segue, em vez de causar, sua expressão corporal: “O senso comum diz que perdemos nossa fortuna, lamentamos e choramos; encontramos um urso, ficamos com medo e corremos; somos insultados por um rival, ficamos com raiva e batemos. A hipótese a ser defendida aqui diz que essa ordem de sequência é incorreta… que sentimos pena porque choramos, raiva porque atacamos, medo porque trememos…” (PP 1065-6). O significado dessa perspectiva, de acordo com James, é o fato de que nossas emoções estão ligadas às nossas expressões corporais. O que seria a dor, pergunta ele, “sem suas lágrimas, seus soluços, seu sufocamento do coração, sua dor no osso do peito?” Não seria uma emoção, responde James, pois uma “emoção humana puramente desencarnada é uma não-entidade” (PP 1068).

Em seu capítulo sobre “Vontade”, James se opõe à teoria de seu contemporâneo Wilhelm Wundt de que há um sentimento especial — um “sentimento de inervação” — presente em toda ação intencional. Em sua pesquisa de uma série de casos, James descobre que algumas ações envolvem um ato de determinação ou de saída de energia nervosa, mas em outras não. Por exemplo:

Sento-me à mesa depois do jantar e, de vez em quando, pego nozes ou passas do prato e as como. Meu jantar propriamente dito já terminou e, no calor da conversa, mal tenho consciência do que faço; porém, a percepção da fruta e a noção fugaz de que posso comê-la parecem fatalmente provocar o ato. Certamente não há nenhum fiat expresso aqui;… (PP 1131).

O capítulo sobre “Vontade” também contém passagens marcantes que antecipam as preocupações de As Variedades da Experiência Religiosa: sobre estados de espírito, “mudanças de ânimo” e “despertares de consciência”. Esses, observa James, podem afetar “toda a escala de valores de nossos motivos e impulsos” (PP 1140).

O popular e influente livro de James, A Vontade de Acreditar e Outros Ensaios em Filosofia Popular, publicado em 1897, reúne ensaios publicados anteriormente nos dezenove anos anteriores, incluindo “O Sentimento da Racionalidade” (discutido acima), “O Dilema do Determinismo”, “Grandes Homens e Seu Ambiente” e “O Filósofo Moral e a Vida Moral”. O ensaio do título, publicado apenas dois anos antes, mostrou-se polêmico por parecer recomendar crenças irresponsáveis ou irracionais. Mais tarde, James escreveu que deveria ter chamado o ensaio de “o direito de acreditar”, para indicar sua intenção de justificar a manutenção de certas crenças em determinadas circunstâncias, não para afirmar que podemos (ou devemos) acreditar em coisas simplesmente por um ato de vontade.

Na ciência, observa James, podemos nos dar ao luxo de aguardar o resultado da investigação antes de chegarmos a uma crença, mas em outros casos somos “forçados”, pois precisamos chegar a alguma crença mesmo que não tenhamos todas as evidências relevantes. Se eu estiver em uma trilha isolada em uma montanha, diante de uma saliência gelada para atravessar e não souber se conseguirei, posso ser forçado a considerar a questão de saber se posso ou devo acreditar que posso atravessar a saliência. Essa questão não é apenas forçada, ela é “importante”: se eu estiver errado, posso cair para a morte e, se eu acreditar corretamente que posso atravessar a saliência, minha crença pode contribuir para o meu sucesso. Nesse caso, afirma James, eu tenho o “direito de acreditar” — precisamente porque essa crença pode ajudar a realizar o fato em que se acredita. Esse é um caso “em que um fato não pode ocorrer a menos que exista uma fé preliminar em sua ocorrência” (WB, 25).

James aplica sua análise à crença religiosa, particularmente ao possível caso em que a salvação de alguém depende da crença em Deus antes de qualquer prova de que Deus existe. Nesse caso, a crença pode ser justificada pelo resultado ao qual a crença leva. Ele estende sua análise para além do domínio religioso, no entanto, para uma ampla gama da vida humana secular:

Um organismo social de qualquer tipo é o que é porque cada membro cumpre seu próprio dever com a confiança de que os outros membros o farão simultaneamente…. Um governo, um exército, um sistema comercial, um navio, uma faculdade, uma equipe de atletismo, todos existem sob essa condição, sem a qual não apenas nada é alcançado, mas nada é sequer tentado (WB 24).

As questões morais também são importantes e improváveis de serem sustentadas por “provas sensíveis”. Elas não são questões científicas, mas são “”aquilo que Pascal chama de nosso coração”” (WB 22). De qualquer forma, James defende nosso direito de acreditar em certas respostas a tais questões.

Outro ensaio da coletânea, “Reflex Action and Theism” (Ação reflexa e teísmo), tenta uma reconciliação entre ciência e religião. A expressão “ação reflexa” de James faz alusão à imagem biológica do organismo que responde às sensações com uma série de ações. Nos animais superiores, um estágio teórico ou de pensamento intervém entre a sensação e a ação, e é aí que, nos seres humanos, surge o pensamento sobre Deus. James afirma que esse pensamento é uma resposta humana natural ao universo, independente de qualquer prova de que Deus existe, e prevê que Deus será o “centro de gravidade de todas as tentativas de resolver o enigma da vida” (WB, 116). Ele termina o ensaio defendendo um “teísmo” que postula “uma opacidade última nas coisas, uma dimensão do ser que escapa ao nosso controle teórico” (WB 143).

A Vontade de Acreditar também contém o relato mais desenvolvido de James sobre moralidade, “”O Filósofo Moral e a Vida Moral””. Para James, a moralidade se baseia na senciência — sem ela não há reivindicações morais nem obrigações morais. Porém, uma vez que a senciência existe, uma reivindicação é feita e a moralidade ganha “um ponto de apoio no universo” (WB 198). Embora James insista que não há uma essência comum para a moralidade, ele encontra um princípio orientador para a filosofia ética no princípio de que “satisfazemos sempre o maior número possível de demandas” (WB 205). Essa satisfação deve ser alcançada por meio do trabalho em direção a um “universo mais rico… o bem que parece mais organizável, mais apto a entrar em combinações complexas, mais apto a ser membro de um todo mais inclusivo” (WB 210). Esse trabalho prossegue com uma série de experimentos, por meio dos quais aprendemos a viver (em sua maior parte) sem “a poligamia e a escravidão, a guerra privada e a liberdade de matar, a tortura judicial e o poder real arbitrário”. (WB 205) . No entanto, James sustenta que não há “nada de definitivo em qualquer equilíbrio de ideais humanos, [de modo que] assim como nossas leis e costumes atuais lutaram e superaram as do passado, elas serão, por sua vez, derrubadas por qualquer ordem recém-descoberta que silencie as queixas que elas ainda suscitam, sem produzir outras ainda mais barulhentas” (WB 206).

O ensaio de James “Sobre uma Certa Cegueira nos Seres Humanos”, publicado em seu Discurso aos Professores sobre Psicologia e aos Estudantes sobre Alguns dos Ideais da Vida de 1899, ilustra outro elemento importante da perspectiva moral de James. A cegueira para a qual James chama a atenção é a de um ser humano em relação a outro, uma cegueira que ele ilustra com uma história de sua própria vida. Cavalgando pelas montanhas da Carolina do Norte, ele se depara com uma paisagem devastada, sem árvores, com cicatrizes na terra e, aqui e ali, com um pé de milho crescendo à luz do sol. Mas depois de conversar com os colonos que haviam derrubado a floresta para abrir espaço para sua fazenda, James passa a ver a paisagem da maneira deles (pelo menos temporariamente): não como devastação, mas como uma manifestação de “dever, luta e sucesso”. James conclui: “Eu estava tão cego para a idealidade peculiar das condições deles quanto eles certamente também estariam para a idealidade das minhas, se tivessem dado uma espiada no meu estranho modo de vida acadêmico em Cambridge” (TT 233-4). James retrata uma pluralidade de perspectivas no ensaio, às quais ele atribui uma importância metafísica/epistemológica e ética. Essa pluralidade, escreve ele:

nos ordena a tolerar, respeitar e satisfazer aqueles que vemos inofensivamente interessados e felizes em seus próprios caminhos, por mais ininteligíveis que sejam para nós. Mãos à obra: nem toda a verdade nem todo o bem são revelados a um único observador, embora cada observador obtenha uma superioridade parcial de percepção devido à posição peculiar em que se encontra. Até mesmo as prisões e os quartos de doentes têm suas revelações especiais (TT 264).

Embora “Sobre uma Certa Cegueira” trate da tolerância e da apreciação de diferentes pontos de vista, James apresenta seu próprio ponto de vista romântico em sua escolha de heróis no ensaio: Wordsworth e Shelley, Emerson e W. H. Hudson, todos com um senso de “significado ilimitado nas coisas naturais” (TT 244). Mesmo na cidade, há “significado e importância insondáveis” (TT 254) nos eventos diários das ruas, do rio e das multidões de pessoas. James elogia Walt Whitman, “um vagabundo velho”, por saber tirar proveito das oportunidades comuns da vida: depois de uma manhã de escrita e banho, Whitman anda de ônibus pela Broadway, da rua 23 até Bowling Green e volta, apenas pelo prazer e pelo espetáculo. “Quem sabe mais sobre a verdade”, pergunta James, “Whitman em seu ônibus, cheio da alegria interior que o espetáculo lhe inspira, ou você, cheio do desdém que a futilidade de sua ocupação lhe provoca?” (TT 252). O interesse de James pela vida interior de outras pessoas e por escritores como Tolstói, que compartilham sua compreensão de seus “misteriosos fluxos e refluxos” (TT 255), leva-o ao estudo prolongado da experiência religiosa humana, que ele apresentou como as Palestras Gifford em 1901-2, publicadas como As Variedades da Experiência Religiosa em 1902.

5. As Variedades da Experiência Religiosa

Assim como Os Princípios da Psicologia, Variedades é “Um Estudo da Natureza Humana”, como diz seu subtítulo. Todavia, com cerca de quinhentas páginas, tem apenas metade da extensão de Os Princípios da Psicologia, o que condiz com seu escopo mais restrito, embora ainda grande. James estuda a parte da natureza humana que é, ou está relacionada à, experiência religiosa. Seu interesse não está nas instituições religiosas, nos rituais ou, até mesmo, na maior parte das ideias religiosas, mas nos “sentimentos, atos e experiências de homens individuais em sua solidão, na medida em que eles se consideram em relação ao que eles podem considerar o divino” (V 31).

James estabelece uma distinção central no livro nos primeiros capítulos sobre “The Religion of Healthy-Mindedness” (A religião da mentalidade sadia) e “The Sick Soul” (A alma doente). A pessoa religiosa de mentalidade sadia — Walt Whitman é um dos principais exemplos apresentados por James — tem um profundo senso da “bondade da vida” (V 79) e uma alma de “tonalidade azul-celeste” (V 80). A mentalidade sadia pode ser involuntária, simplesmente natural para alguém, mas muitas vezes vem em formas mais intencionais. O cristianismo liberal, por exemplo, representa o triunfo de uma devoção resoluta à mentalidade sadia sobre uma mórbida “velha teologia do fogo do inferno” (V 91). James também cita o “movimento de cura da mente” de Mary Baker Eddy, para quem “o mal é simplesmente uma mentira, e qualquer um que o mencione é um mentiroso” (V 107). Para ” A Alma Doente”, por outro lado, “o mal radical está em seu interior” (V 163). Não importa o quanto se sinta segura, a alma doente descobre que “insuspeitadamente, do fundo de toda fonte de prazer, como disse o velho poeta, surge algo amargo: um toque de náusea, uma diminuição do prazer, um sopro de melancolia….”. Esses estados não são simplesmente sensações desagradáveis, pois trazem “um sentimento de que vêm de uma região mais profunda e, muitas vezes, têm um convencimento terrível” (V 136). Os principais exemplos de James são “Minha Confissão” de Leo Tolstoy, a autobiografia de John Bunyan e um relato de “pavor” aterrorizante – supostamente de um correspondente francês, mas na verdade do próprio James. Algumas almas doentes nunca se curam, enquanto outras se recuperam ou até triunfam: esses são os “nascidos duas vezes”. Nos capítulos “O Eu Dividido e o Processo de sua Unificação” e “Conversão”, James discute Santo Agostinho, Henry Alline, Bunyan, Tolstoy e uma série de evangelistas populares, concentrando-se no que ele chama de “o estado de segurança” (V 247) que eles alcançam. O ponto central desse estado é “a perda de toda a preocupação, a sensação de que, em última análise, tudo está bem com a pessoa, a paz, a harmonia, a disposição de ser, mesmo que as condições externas permaneçam as mesmas” (V 248).

O capítulo clássico de Variedades sobre “Misticismo” oferece “quatro marcas com as quais, quando uma experiência as possui, pode se justificar que a chamemos de mística…” (V 380). A primeira é a inefabilidade: “ela desafia a expressão… sua qualidade deve ser experimentada diretamente; não pode ser transmitida ou transferida para outros”. A segunda é uma “qualidade noética”: os estados místicos se apresentam como estados de conhecimento. Em terceiro lugar, os estados místicos são transitórios; e, em quarto lugar, os sujeitos são passivos em relação a eles: não podem controlar seu ir e vir. Esses estados, James termina o capítulo perguntando, são “janelas pelas quais a mente olha para um mundo mais amplo e inclusivo[?]” (V 428).

Nos capítulos intitulados “Filosofia” — dedicado em grande parte ao pragmatismo — e “Conclusões”, James conclui que a experiência religiosa é, em geral, útil, até mesmo “entre as funções biológicas mais importantes da humanidade”, mas admite que isso não a torna verdadeira. No entanto, James articula sua própria crença —  a qual ele não pretende provar — de que as experiências religiosas nos conectam com uma realidade maior, ou mais ampla, não acessível em nossas relações cognitivas normais com o mundo: “Os limites mais amplos de nosso ser mergulham, parece-me, em uma dimensão de existência totalmente diferente do mundo sensível e meramente ‘compreensível'” (V 515).

6. Escritos Tardios

Pragmatismo (1907)

James anunciou pela primeira vez seu compromisso com o pragmatismo em uma palestra em Berkeley, em 1898, intitulada “Concepções Filosóficas e Resultados Práticos”. As fontes posteriores para Pragmatismo foram palestras no Wellesley College, em 1905,  no Lowell Institute e na Universidade de Columbia, em 1906 e 1907. O pragmatismo aparece no livro de James na forma de seis coisas: um temperamento filosófico, uma teoria da verdade, uma teoria do significado, um relato holístico sobre o conhecimento, uma visão metafísica e um método para resolver disputas filosóficas.

O temperamento pragmático aparece no capítulo de abertura do livro, no qual (seguindo um método que ele estabeleceu pela primeira vez em “Observações sobre a definição de Spencer sobre a mente enquanto correspondência”) James classifica os filósofos de acordo com seus temperamentos: nesse caso, “mente dura” ou “mente terna”. O pragmatista é o mediador entre esses extremos, alguém, como o próprio James, com “lealdade científica aos fatos”, mas também com “a velha confiança nos valores humanos e a espontaneidade resultante, seja do tipo religioso ou romântico” (P 17). O método de resolução de disputas e a teoria do significado são exibidos na discussão de James sobre um argumento a respeito de se um homem que persegue um esquilo ao redor de uma árvore também contorna o esquilo. Considerando o significado como os “efeitos concebíveis de um tipo prático que o objeto pode envolver”, o filósofo pragmatista descobre que dois significados “práticos” de “dar a volta” estão em jogo: ou o homem vai para o norte, leste, sul e oeste do esquilo, ou ele se depara primeiro com a cabeça do esquilo, depois com um de seus lados, depois com a cauda e depois com o outro lado. “Faça a distinção”, escreve James, “e não haverá ocasião para qualquer outra disputa”.

A teoria pragmática da verdade é o tema do sexto (e, até certo ponto, do segundo) capítulo do livro. James defende que a verdade é “uma espécie de bem”, como a saúde. As verdades são boas porque podemos “cavalgar” nelas no futuro sem sermos surpreendidos de maneira desagradável. Elas “nos conduzem a áreas verbais e conceituais úteis, bem como diretamente a terminais sensíveis úteis. Elas conduzem à consistência, à estabilidade e à fluidez do relacionamento humano. Elas nos afastam da excentricidade e do isolamento, do pensamento frustrado e estéril” (103). Embora James defenda que as verdades são “criadas” (104) no decorrer da experiência humana e que, na maioria das vezes, elas vivem “em um sistema de crédito”, pois não estão sendo verificadas no momento, ele também defende a visão empirista de que “as crenças verificadas concretamente por alguém são os pilares de toda a superestrutura” (P 100).

O capítulo de James sobre “Pragmatismo e Humanismo” apresenta sua epistemologia voluntarista. James afirma: “Nós talhamos tudo, assim como talhamos constelações, para servir aos nossos propósitos humanos” (p. 100). No entanto, ele reconhece “fatores de resistência em cada experiência de criação da verdade” (P 117), incluindo não apenas nossas sensações ou experiências atuais, mas todo o conjunto de nossas crenças anteriores. James não defende que criamos nossas verdades a partir do nada, nem que a verdade seja totalmente independente da humanidade. Ele adota “o princípio humanista: você não pode eliminar a contribuição humana” (P 122). Ele também adota uma metafísica do processo ao afirmar que “para o pragmatismo [a realidade] ainda está em construção“, enquanto que para o “racionalismo a realidade está pronta e completa desde toda a eternidade” (p. 123). O capítulo final de Pragmatismo, “Pragmatismo e Religião”, segue a linha de James em Variedades, atacando o “absolutismo transcendental” por seu relato não verificável sobre Deus e defendendo uma “religião pluralista e moralistica” (144) baseada na experiência humana. “De acordo com os princípios pragmáticos”, escreve James, “se a hipótese de Deus funciona satisfatoriamente no sentido mais amplo da palavra, ela é verdadeira” (143).

Um Universo Pluralista (1909)

Originalmente proferido em Oxford como um conjunto de palestras “Sobre a situação atual da filosofia”, James começa seu livro, tal como havia começado Pragmatismo, com uma discussão sobre a determinação temperamental das teorias filosóficas, que, afirma James, “são apenas muitas perspectivas, modos de sentir todo o impulso… forçados pelo caráter e pela experiência total do indivíduo e, em geral, preferidos — não há outra palavra verdadeira — como a melhor atitude de trabalho” (PU 15). Sustentando que a “visão” de um filósofo é “a coisa mais importante” sobre ele (PU 3), James condena o “excesso de tecnicismo e a consequente monotonia dos discípulos mais jovens em nossas universidades americanas…” (PU 13).

James passa de discussões críticas sobre o idealismo de Josiah Royce e o “intelectualismo vicioso” de Hegel para filósofos cujas visões ele admira: Gustav Fechner e Henri Bergson. Ele elogia Fechner por defender que “todo o universo, em seus diferentes alcances e comprimentos de onda, exclusões e desenvolvimentos, está vivo e consciente em toda parte” (PU, 70), e procura refinar e justificar a ideia de Fechner de que as consciências humanas, animais e vegetais separadas se encontram ou se fundem em uma “consciência de escopo ainda mais amplo” (PU 72). James emprega a crítica de Henri Bergson ao “intelectualismo” para argumentar que os “impulsos concretos da experiência parecem não estar presos a limites tão definidos quanto os nossos substitutos conceituais estão confinados. Eles se chocam uns com os outros continuamente e parecem se interpenetrar” (PU 127). James conclui adotando uma posição que ele havia estabelecido de maneira mais provisória em As Variedades da Experiência Religiosa: a de que as experiências religiosas “apontam, com razoável probabilidade, para a continuidade de nossa consciência com um ambiente espiritual mais amplo do qual o homem prudencial comum (que é o único homem do qual a psicologia científica, assim chamada, toma conhecimento) está isolado” (PU 135). Enquanto em Pragmatismo James inclui o religioso dentro do pragmático (como mais uma maneira de se orientar com sucesso no mundo), em Um Universo Pluralista ele sugere que o religioso oferece uma relação superior com o universo.

Ensaios sobre Empirismo Radical (1912)

Essa coletânea póstuma inclui os ensaios inovadores de James sobre a “experiência pura”, publicados originalmente em 1904-1905. A idéia fundamental de James é a de que a mente e a matéria são ambos aspectos ou estruturas formadas a partir de um material mais fundamental — a experiência pura —  que (apesar de ser chamada de “experiência”) não é nem mental nem física. A experiência pura, explica James, é “o fluxo imediato da vida que fornece o material para a nossa reflexão posterior com suas categorias conceituais… um aquilo que ainda não é um quê definido, embora esteja pronto para ser todo tipo de quê…” (ERE 46). Os “o que” a experiência pura pode ser são mentes e corpos, pessoas e objetos materiais, mas isso não depende de uma diferença ontológica fundamental entre essas “experiências puras”, mas das relações nas quais elas entram. Certas sequências de experiências puras constituem objetos físicos, e outras constituem pessoas; mas uma experiência pura (digamos, a percepção de uma cadeira) pode fazer parte tanto da sequência que constitui a cadeira quanto da sequência que constitui uma pessoa. De fato, uma experiência pura pode fazer parte de duas mentes distintas, tal como James explica em um capítulo intitulado “Como duas mentes podem conhecer uma coisa”.

O “empirismo radical” de James é diferente de sua metafísica da “experiência pura”. Ele nunca é definido com precisão nos Ensaios e é melhor explicado por uma passagem de O Significado de Verdade, em que James afirma que o empirismo radical consiste em um postulado, uma declaração de fato e uma conclusão. O postulado é o de que “as únicas coisas que serão discutíveis entre os filósofos serão coisas definíveis em termos extraídos da experiência”, o fato é o de que as relações são tão diretamente experimentadas quanto as coisas que elas relacionam, e a conclusão é a de que “as partes da experiência se mantêm unidas entre si por relações que são elas próprias partes da experiência” (MT, 6-7).

James ainda estava trabalhando nas objeções à sua doutrina da “experiência pura”, respondendo aos críticos do pragmatismo e escrevendo uma introdução aos problemas filosóficos quando morreu em 1910. Seu legado se estende à psicologia e ao estudo da religião, e à filosofia, não apenas em toda a tradição pragmatista que ele fundou (juntamente com Charles Peirce), mas também na fenomenologia e na filosofia analítica. Edmund Husserl incorporou as noções de James de “franja” e “auréola” em sua fenomenologia (Moran, pp. 276-80), Bertrand Russell, em A Análise da Mente, tem uma dívida com a doutrina de James sobre a “experiência pura” (Russell, 1921, pp. 22-6), Ludwig Wittgenstein aprendeu sobre “a ausência do ato de vontade” com o Psicologia de James (Goodman, Wittgenstein and William James, p. 81), e as versões do “neopragmatismo” estabelecidas por Nelson Goodman, Richard Rorty e Hilary Putnam estão saturadas com as ideias de James. Na física, o pragmatismo humanista de James e sua sugestão de que “novos seres surgem em pontos e manchas locais” (P 138; Fuchs 2017, p. 33) inspiraram a versão da teoria quântica conhecida como QBismo (consulte Healey). James é um dos filósofos mais atraentes e cativantes: por sua visão de um universo “selvagem” e “aberto” que, no entanto, é moldado por nossos poderes humanos e responde a algumas de nossas necessidades mais profundas, mas também, como Russell observou em seu obituário, por causa da “grande tolerância e (…) humanidade” com que ele expõe essa visão. (The Nation, 3 de setembro de 1910: 793-4).


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Other Internet Resources

  • William James, web page by Frank Pajares
  • Pragmatism Cybrary

Dewey, John | Husserl, Edmund | pluralism | pragmatism | religious experience | Russell, Bertrand | Wittgenstein, Ludwig

Este artigo foi publicado originalmente no site Plato Stanford: https://plato.stanford.edu/entries/james/

Sobre o Autor ou Tradutor

Bernardo Santos

Aluno do Olavão, bacharel em matemática, amante da Filosofia, tradutor e músico nas horas vagas, Bernardo Santos é administrador principal do Diário Intelectual.

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